ONTEM NO DRAGÃO...
UM TERRORISTA SERÁ SEMPRE UM TERRORISTA.
Em entrevista a Alexandra Tavares Teles, Costinha fala dos motivos da saída de Derlei do FC Porto. Fala do presidente dos Super Dragões. Assume que foi ameaçado. Relata episódios de terrorismo sobre profissionais do clube corrupto. A entrevista não mereceu o devido destaque...
ATT - Derlei foi dispensado por vontade de Fernández ?
Costinha - Isso é mais complicado. Para perceber a saída de Derlei é preciso encontrar quem está por... detrás dela. Não admito que um grupo de adeptos venha criticar e enxovalhar, com faixas provocatórias, um atleta que deu ao clube aquilo que Derlei deu. E mais espantados ficámos quando ninguém do FC Porto tomou uma atitude. Pelo contrário. Essa gente, depois de insultar os jogadores, entravam nas instalações do clube com um livre-trânsito e ninguém fazia qualquer reparo. E mais: de dia ameaçavam os jogadores e á noite jantavam com dirigentes do FC Porto. Que pensa um grupo quando sabe que quem os insultam e ameaçam janta com dirigentes do clube ?
ATT - Conhece o presidente dos Super Dragões ?
Costinha - De vista. Ele diz-se profissional de claque e, pelo que aparenta, tem uma profissão rentável. Muitos jogadores do FC Porto não ganham para comprar Porches e ele tem um.
ATT - Acha que as claques serviram para branquear as decisões da direcção que falharam ?
Costinha - Não sei. Sei que tenho no meu corpo marcas que provam o que dei ao clube. Joguei lesionado e joguei infiltrado, fi-lo porque quis e por dedicação. Ganhei tudo o que havia para ganhar. E ainda andam a correr atrás de mim para me fazer a vida negra?! E os responsáveis, os directores não fazem nada ?
ATT - Foi ameaçado?
Costinha - Sim, mas como tenho um grande amigo na cidade do Porto o caso teve um fim pacífico.
ATT - Qual foi a situação mais complicada ?
Costinha - Quando o FC Porto empatou na Madeira com o Nacional, os desacatos começaram logo no aeroporto do Funchal. As claques provocaram com insultos todos os jogadores, sobretudo o Raul Meireles, que tivera o azar de fazer um autogolo. Foi mesmo agredido fisicamente, com uma garrafa. Eu estava no Porto, a recuperar de um traumatismo craniano, mas soube o que se estava a passar porque telefonei a vários colegas, por solidariedade. E perante o que ouvi decidi ir ao aeroporto do Porto esperar a equipa. Levei dois amigos, para não levar dois guarda-costas, e tive razão, porque quando lá cheguei vi um bando de 60 ou 70 Super Dragões. Os jogadores foram os primeiros a sair do avião e a levar com aquela gente toda, com insultos, com agressões, enquanto os dirigentes ficaram dentro do avião, protegidos. Apenas Reinaldo Teles saiu. E a verdade é que aquela gente agrediu atletas. Na época passada, tudo foi permitido no FC Porto.
Apanhado, AQUI.
Na sequência das ocorrências das últimas décadas que terminaram com a habitual absolvição do clube corrupto, a FC Porto, a Mentira Desportiva, que não é SAD, não pode deixar de recordar um rol de comportamentos que têm um clube e uma pessoa como denominadores comuns e que configuram perfis dignos de um filme sobre «gangsters».
1 – Agressão à estalada e a pontapé, a soco e a joelhada, a cabeçada e todo o tipo de violência que o corpo humano permite, a um jornalista da RTP, em pleno Estádio das Antas; segue um vídeo para os esquecidos: http://www.youtube.com/watch?v=-n4hC7RM8TM.
2 – Corridas desenfreadas dos profissionais do FC Porto atrás dos árbitros, com ameaças intimidatórias: http://www.youtube.com/watch?v=lN7SKLlOVf4&feature=related.
3 – Desrespeito pelo trabalho de um jornalista e agressão a um repórter de imagem da RTP. Os relatos dizem ainda que um dos intervenientes pegou no microfone da estação e o atirou ao chão, mas seguem as imagens: http://www.youtube.com/watch?v=-n4hC7RM8TM.
4 – Agressão a pontapé a adeptos de outros clubes, verificada em plena bancada, apesar do esforço da PSP para, previamente, desviar o foco das imagens, que ficaram inequivocamente registada: http://www.youtube.com/watch?v=IxwvorkhIgE&feature=related.
5 – Abandono dos estúdios da RTP, no decorrer de um programa em directo: http://www.youtube.com/watch?v=bzb8zUB6yFI.
6 – Condenação por tentativa de corrupção e perda de seis pontos.
7 – Práticas corruptas que envolvem todo o tipo de expedientes.
8 – Tentativa de branquear as agressões de Deco e Mourinho, com deturpação premeditada de depoimentos, cuja finalidade foi evitar castigos.
9 – Oferta de serviços de prostitutas a árbitros.
10 – Oferta de jantares (‘pancada’, por código) a pessoas desconfortáveis para o clube.
11 – Pedidos de árbitros para jogos do Benfica.
12 – Escutas incriminatórias, que provam corrupção e só não resultam em descida de divisão graças a uma alteração à lei.
13 - Adeptos santinhos: http://www.youtube.com/watch?v=Cc9MYCnmxnA.
14 - Envolvimentos com graduados da PSP, que acham "troca de insultos" como algo "normal": http://www.youtube.com/watch?v=yjXggvo0gjk
15 - Criação de uma escola de jogadores que privilegiam a violência: http://www.youtube.com/watch?v=wauGZP23-8w.
16 - O holliganismo da sua claque: http://www.youtube.com/watch?v=szSu5KQRoSE&feature=related.
17 - O holliganismo assumido da sua claque: http://www.youtube.com/watch?v=8AJ-54pRtiQ&feature=related.
Todos estes factos, sublinhe-se, têm sempre o mesmo emblema associado. Foram amplamente difundidos nos Média e rapidamente esquecidos, ao mesmo tempo que revelavam a urbanidade, o estilo e, acima de tudo, a credibilidade de quem os praticou e/ou comanda.
Porto, 30 de Novembro de 2010
O Conselho de Administração da FC Porto, a Mentira Desportiva
Mais um exemplo de falta de grandeza e de um provincianismo atroz.
Num momento em que estão a liderar a tabela classificativa, não se entende o pânico, o terror, o medo que têm do Glorioso Sport Lisboa e Benfica. Só vivem, só respiram porque o Benfica existe. Só o síndrome do provincianismo ou o complexo de inferioridade podem explicar que a agremiação que só resiste à conta da corrupção, da prostituição, do tráfico de influências e da “amarelinha” se intrometa num assunto que não é seu e lance nova ofensiva contra aqueles que os fazem viver – O Benfica.
Os guardiões da verdade, da ética, da justiça e das virtudes reuniram-se ontem no “enclave” “papal” e escrevinharam uma espécie de bula - esta - , prontamente levada a todo o reino pelos seus servos e impolutos distribuidores, ora da mensagem papal, mas também de géneros alimentícios ou de prazeres carnais…. Numa clara demonstração do seu enorme virtuosismo e indelével caridade.
Provincianismo e inferioridade, mas também tacanhez, falta de vergonha, ridícula, grotesca, assumidamente corrupta, putrefacta, hedionda, viciosa, mesquinha, pútrida, burlesca, bufa, desprezível e ignóbil são tudo adjectivos que assentam na perfeição no epíteto da agremiação do Contumil…..
No entanto os mouros infiéis não dormem e reagem, como segue:
Comunicado da Benfica SAD
Co Adriaanse
Luís Fabiano
Derlei
Paulo Assunção
Adriano
Rodriguez
Costinha
Raul Meireles
Matt Fish (basquetebolista)
Paulo Martins (RTP)
Pedro Figueiredo (RTP)
João Pedro Silva (RTP)
Marinho Neves (jornalista)
Fotógrafo do JN atropelado à saída do tribunal.
E mais um sem número de pessoas que optaram pelo silêncio!
A todos a nossa solidariedade!
PARA MEMÓRIA FUTURA:
20/11/1988:
"Carlos Pinhão, jornalista de “Abola”.
Apesar da sua avançada idade, Carlos Pinhão é barbaramente agredido em Aveiro, depois de um jogo Beira-Mar vs F C Porto, por elementos ligados ao FCP. Processo Judicial arquivado por falta de provas.
20/11/1988:
Martins Morim, jornalista de “Abola”.
No mesmo dia em que Carlos Pinhão é agredido, Martins Morim é também alvo da fúria dos adeptos do FCP. Entre os agressores destacava-se Tónio Maluco, conhecido adepto portista.
05/03/1989:
Eugénio Queiroz, jornalista do “Record.”
Agredido no Estádio do Restelo por seguranças de Jorge Nuno Pinto da Costa. Apresentou queixa na PJ que acabou arquivada por “não conseguir identificar os agressores”.
24/ 09/1989:
Joao Freitas, jornalista de “Abola”.
Agredido barbaramente perto dos balneários do estádio das Antas. Foi assistido no hospital de Santo António e identificou Virgílio Jesus e um tal Armando entre os agressores. A queixa foi arquivada.
04/10/1990:
Manuela Freitas do jornal “Público”.
Na véspera do jogo Portadown vs FCPorto, foi ameaçada e insultada no hall do hotel por integrantes da comitiva portista.
24/10/1990:
José Saraiva, director do “Jornal de Noticias”.
Agredido á porta de casa por dois jagunços. O “JN” tinha publicado uma noticia envolvendo Pinto da Costa no famoso caso “AVEIROGATE”. Nunca chegou a haver queixa judicial.
28/ 04/ 1991:
Equipa de futebol e dirigentes do Benfica.
No jogo do título da época 90/91, o Benfica desloca-se ás Antas. Os dirigentes do FCPorto criam um ambiente de terror. O autocarro é recebido é pedrada( dando razão a um cartaz exibido na superior sul: “ides sofrer como cães”), os jogadores têm de se equipar nos corredores porque o balneário tinha sido impregnado de um cheiro nauseabundo e os dirigentes do clube da luz foram agredidos pelo guarda Abel e seus amigos.
09/09/91:
Jose Pratas, árbitro.
Após marcar um penalty na final da super-taça em Coimbra, assiste-se a uma das cenas mais caricatas do futebol português: os jogadores do FCPorto( liderados por Fernando Couto e João Pinto) correm meio campo a perseguir o árbitro.
01/09/1992:
António Paulino, jornalista do Expresso.
Agredido á porta do seu jornal na redacção do Porto, segundo o próprio, por Pinto da Costa e dois jagunços. Tudo aconteceu por o jornalista ter sido responsável por noticias sobre um processo de Alexandre Pinto da Costa
10/03/1993:
Paulo Martins, jornalista da RTP1.
Agredido em directo no final de um jogo nas Antas por um jagunço. Não houve queixa judicial porque a empresa o obrigou a não prosseguir com o processo.
11/12/1994:
Marinho Neves, jornalista da Gazeta dos Desportos e autor do livro sobre corrupção na arbitragem” Golpe de Estádio”.
Emboscado á porta de casa por dois jagunços. Processo judicial arquivado na PJ do Porto por falta de provas, apesar de haver cinco testemunhas que nunca foram ouvidas.
Março de 1995:
José Pratas, árbitro.
No intervalo de um Porto vs Benfica, José Pratas é insultado e agredido no balneário. Quando volta ao terreno de jogo faz uma arbitragem absolutamente vergonhosa, beneficiando claramente a equipa da casa.
20/09/2000
Matt Fish, jogador de Basquetebol.
É agredido por vários( 9 ou 10) indivíduos nos escritórios da secção de basquetebol do FCP. A agressão foi orquestrada e presenciada pelos dirigentes Fernando Gomes e Fernando Assunção.
17/07/2003
Filomena Morais, ex-mulher( á altura dos factos) de Pinto da Costa.
Conforme confessou na altura publicamente, foi agredida pelo marido e pelos seus seguranças. Processo judicial arquivado devido a acordo antecipado.
Maio de 2004:
José Mourinho, treinador de futebol.
Após vencer a liga dos Campeões, decide assinar pelo Chelsea. Os super dragões abrem uma guerra de palavras, ameaças e perseguições a Mourinho e sua família.
30/10/2004:
Raúl Meireles,jogador do FCP.
Após um jogo com o Nacional da Madeira, no Funchal, a claque dos super dragões insulta todos os jogadores no aeroporto da Madeira. Raul Meireles é agredido com uma garrafa.
25/01/2005:
Ricardo Bexiga, vereador da câmara de Gondomar.
Agredido num parque de estacionamento por dois jagunços, contratados pela ex-namorada de Jorge Nuno Pinto da Costa.
29/01/2006
Co Adriaanse, treinador de futebol.
Vê adeptos portistas, descontentes com o resultado e a exibição de um jogo, partirem os vidros de sua viatura.
06/04/2006
Carolina Salgado, ex-companheira de Pinto da Costa.
Agredida por Pinto da Costa e dois jagunços. Apresentou queixa e processo foi para os tribunais.
25/02/2008:
Rui Santos, jornalista.
Após sair dos estúdios da SIC em Carnaxide, é atacado por 3 indivíduos encapuçados e armados com barrotes. O caso foi abafado quando se percebeu a quem os indivíduos estavam ligados. Após este acontecimento, Rui Santos não mais voltou a falar de algumas questões que tinha levantado sobre a gestão financeira da SAD do FCPorto.
29/08/2008:
Cristian Rodriguez, jogador de futebol.
Á saída do estádio do Dragão, após uma derrota por 2-3 com o Leixões, o seu carro é apedrejado por adeptos.
29/09/2008:
Estudante adepto do Benfica.
Depois de uma acalorada troca de palavras com Cristian Rodriguez, no aeroporto Sá Carneiro, um estudante alegadamente Benfiquista é agredido por um membro não identificado da comitiva do FCPorto.
21/12/2008:
Motorista( ao serviço da liga).
Incumbido de acompanhar e conduzir os quatro integrantes da equipa de arbitragem estava á porta do seu automóvel quando foi agredido por Rui Carvalho, assessor de imprensa do FCPorto. No mesmo dia vários jogadores e técnicos do Marítimo são agredidos no túnel de acesso aos balneários
07/03/2009:
Paulo Assunção, ex-jogador do FCPorto.
Numa entrevista á RTP, Assunção explica que resolveu não renovar com o clube porque na altura das negociações( Abril de 2008), foi abordado por 5 indivíduos que lhe disseram”...se não renovas até quarta-feira levas um tiro no joelho.”
07/03/2009
João Pedro Silva, jornalista da RTP.
Após entrevistar Jesualdo Ferreira, João Pedro Silva foi abordado pelo funcionário do FCPorto ( e seu ex-colega na RTP), Rui Cerqueira, que o acusou de fazer “perguntas encomendadas”, e lhe disse em frente a várias testemunhas: “és um filho da puta, um bardamerdas, és muito pequeno para mim”.
16/06/2009
Adriano, ex-jogador do FCPorto.
Quando saía de uma discoteca em Vila do Conde, o jogador foi agredido por 2 indivíduos, que segundo ele faziam parte da claque super-dragões.
25/06/2009
José Carmo, fotógrafo do “Jornal de Notícias”.
É atropelado pelo motorista de Pinto da Costa, Afonso Ribeiro. O motorista foge sem prestar qualquer tipo de assistência ao fotógrafo.
20/09/2009
Jorge Sousa, árbitro.
Á chegada a casa, após apitar um jogo entre União de Leiria e Benfica, é confrontado por diversos membros dos super dragões( claque da qual fez parte no passado) por ter alegadamente beneficiado o clube da Luz.
OUTROS CASOS (SEM DATA):
Santos Neves, jornalista de “Abola”.
No Porto, desapertaram-lhe as jantes do carro e ia-se despistando em plena auto estrada. Nunca se provou quem foi o autor do crime.
João Martins, jornalista ligado ao automobilismo.
Trabalhava na Rádio do filho de Pinto da Costa e “ roubou” a namorada a Alexandre. Agredido á porta de casa por dois jagunços. Não houve queixa judicial porque lhe pediram desculpa.
Pedro Figueiredo, jornalista da RTP1.
Agredido no estádio do Bessa no final de um jogo, Boavista vs FCPorto. Não houve nenhuma queixa porque a empresa não autorizou.
Donato Ramos, árbitro de Viseu.
Agredido no restaurante em Matosinhos por quatro jagunços. Teve de fugir pelas traseiras e destruíram-lhe um carro que estava estacionado á porta. Não chegou a haver queixa judicial."
RF
Sr. Professor José Manuel Meirim, com todo o respeito, que é muito, permita-me dizer-lhe o seguinte:
O seu artigo de opinião, publicado no jornal Público a 10 de Outubro de 2010, até pode ser interessante mas, mais do que isso, é redundante. Fala, fala, dá a volta e... nada!!!
Todos sabemos que em qualquer clube existem bons e maus adeptos. Não se trata de querer dizer que só os adeptos do Porto é que são maus, é que são violentos ou que são vândalos. Estes existem, infelizmente, também noutros ou em todos os clubes.
O que interessa aqui é sensibilizar para a não violência do desporto e, no caso sub judice, alertar para que se criem as necessárias condições de segurança e tranquilidade pública, tanto para comitivas como para adeptos em geral. Bem sabemos que estas só nos podem ser oferecidas pelas Forças de Segurança mas, também os clubes, devem envolver-se neste desígnio, para bem do futebol.
A denúncia do Benfica, admito, que também seja estratégica, mas mais importante é colocar a questão da segurança na ordem do dia. Todos sabemos e vimos o que se passou no ano passado na visita do Benfica ao Dragão. Todos nos recordamos dos epísodios das bolas de golfe, dos isqueiros, do autocarro e até das declarações da PSP. Já este ano, no jogo entre o Porto e o Braga, todos vimos bolas de golfe a voar de bancada em bancada... e consequências???? Nada!! No Guimarães vs Porto verificou-se o habitual, naquele estádio, arremesso de cadeiras e, mais uma vez, que consequências??? Nada, a não ser, eventualmente, Multas. O que, convenhamos, não trata rigorosamente nada.
Qualquer dia nos estádios só estão presentes os vândalos. Porque Pais de família, com um mínimo de diligência, não levam os seus filhos ao futebol e pensam 2 vezes em eles próprios participarem nesses eventos.
Deste modo, tudo o que se faça para tentar inverter esta tendência de violência nos estádios e nos seus arredores, deve ter acolhimento de todos aqueles que gostam de Futebol.
Bem Haja, Sr. Professor.
PS: Não quero falar na ligação que destaca entre o Ministro da AI e o Benfica, nem tão pouco, da sua presunção de que o problema é a Cidade do Porto...
PUBLICADO NO JORNAL PÚBLICO A 10.10.10
"1. As organizações têm, como os homens, um discurso. A esta regra não escapam os clubes de futebol ou as sociedades desportivas se entendermos usar linguagem moderna. E essa narrativa transforma-se em política de comunicação ou mesmo em arma de arremesso ao serviço de uma lógica própria.
Alinhavada uma estratégia e definido um objectivo - aqui e acolá moldável às circunstâncias do tempo, do percurso da bola, do apito ou do poste -, procuram os clubes de futebol colocar ao seu serviço - ao serviço de um qualquer objectivo - a agenda mediática. Lança-se isco em busca de colher peixe graúdo.
2. O jogo FC Porto-Benfica está calendarizado para o dia 7 de Novembro. Estamos, pois, a um mês (!) dessa partida. E o que se passou nos últimos dias?
O Benfica, de forma directa ou indirecta, criou um caso: o da violência contra os seus bens - o autocarro - e a sua equipa aquando das viagens ao Norte, em particular, presumo, à cidade do Porto.
Em primeiro lugar, logrou obter uma audiência com o ministro da Administração Interna com vista a solicitar (exigir?) segurança para essas deslocações. Diga-se de passagem que o actual titular da pasta governamental já foi, recentemente, membro de órgão social do clube.
Depois, alcançado esse patamar de notícia, o presidente do Benfica foi mais longe: se ocorrer qualquer acto de violência, maior ou menor, vão ter uma surpresa.
E disso deu amplo reflexo, uma vez mais, a imprensa.
Por fim (?), fontes "fidedignas" foram asseverando aos media que a surpresa passaria pelo retorno a Lisboa da comitiva encarnada, com a lógica falta de comparência ao jogo.
3. Não temos dúvidas - nunca tivemos - de que este tipo de estratégia é transversal a todos os clubes de futebol. Também - inclusive aqui - condenámos a violência no futebol, directa ou indirectamente aceite (e apoiada) pelos clubes (Benfica, FC Porto ou Sporting ou outros que o leitor queira acrescentar). A certeza da omissão do Estado também é perene.
Nada nisto nos surpreende. O que nos motivou a escrever sobre este tema é a sofisticação crescente que se emprega. Começa-se a plantar em finais de Setembro o que se quer colher em Novembro, operação devidamente acompanhada do adubo mediático.
4. Neste caso é o Benfica. No passado foi o FC Porto ou o Sporting. Mas, no futuro, serão os três e muitos mais."
José Manuel Meirim é professor de Direito do Desporto