02
Out 11

ATRASO APÓS FÉRIAS...

 

Durante as minhas férias muito havia a comentar referente a esse período, no entanto considero que das crónicas que li, 2 delas achei interessante e não quero deixar de partilhar com todos aqueles que não tiveram oportunidade de as ler.

 

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO...

A semana em que Fucile nem sequer devia sair de casa;

 

NÃO GOSTO DESTE PERSONAGEM MAS ESTA CRÓNICA MERECE SER LIDA:

 
 
GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 15:32 | COMENTAR | favorito
19
Nov 10

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO - Levar 5 acontece aos Melhores do Mundo

 

Levar 5 acontece aos Melhores do Mundo

 

A última jornada foi particularmente feliz para dois avançados trintões. Nuno Gomes precisou apenas de dois minutos e meio no relvado do Estádio da Luz para marcar um golo à Naval 1º de Maio e fornecer, aos adeptos da casa, o mais do que necessário cuidado paliativo emocional depois do estrondoso insucesso no porto.

E, em Vila de Conde, João Tomás marcou por duas vezes, desta feita ao Paços de Ferreira, e é hoje o segundo classificado da lista dos goleadores de 2010/2011, com 7 golos. Melhor do que João Tomás, só Hulk. Pior do que ele, os outros todos…
 
Ao contrário de Nuno Gomes, que cumpre este ano a sua décima primeira época na Luz, e que é hoje uma referência para o interior e para o exterior do clube, João Tomás já deixou o Benfica há dez anos.

Dele apenas restam aquelas memórias já turvas da imensamente eficaz dupla que fez com Pierre Van Hooidjonk – e que foi lamentavelmente desmantelada por questões políticas – e daqueles dois bonitos golos que marcou numa noite ao Sporting levando o Estádio da Luz au rubro e levando também o jovem e inexperiente treinador do Benfica, José Mourinho, a ajoelhar-se na relva de tão contente que ficou.

Há acontecimentos assim. O golo de Nuno Gomes, no domingo, foi também um acontecimento e dos bons. Os benfiquistas, que tinham entrado no estádio ainda vagamente acabrunhados por causa daquela coisa da jornada anterior, saíram sorridentes e comovidos com a pontaria e com a comoção do seu número 21.

Como seria de esperar, o golo de Nuno Gomes lançou uma polémica sobre as opções de Jorge Jesus para a frente de ataque do Benfica. A esta polémica, naturalmente, não é de todo alheio o facto de o Benfica estar a 10 pontos do FC Porto. Na época passada, Nuno Gomes marcou três golos – um deles bem importante, em Olhão – e nenhum desses feitos levou a um debate nacional sobre a injustiça com que o treinador do Benfica trata o seu avançado mais velho e com mais anos de casa.

É tão natural quanto respeitável o desejo de Nuno Gomes de jogar mais vezes de modo a que os seus golos não sejam olhados como acontecimentos mas como… golos, precisamente o que acontece com João Tomás que é utilizado com regularidade e proveito por todos os clubes em que passa.

Nuno Gomes saberá melhor do que ninguém o momento em que há-de colocar um ponto final na sua carreira de futebolista. E como é uma pessoa de bom senso vai saber fazê-lo bem, a tempo e com grande categoria.
E, por isso mesmo, saberá evitar certamente deixar-se transformar num caso, numa espécie de novo Mantorras, na vertente de milagreiro místico e de entertainer de ocasião para multidões ávidas de alegrias.

ESTÁ disponível no Youtube um momento muito especial para o Benfica ocorrido no último treino da selecção do Brasil antes do jogo com a Argentina, nas Arábias. É fácil chegar lá. Basta procurar David Luiz humilha Ronaldinho para vermos o nosso defesa central, que saiu psicologicamente tão maltratado do jogo com o FC Porto, recuperar a mais do que desejada auto-estima aplicando, num só toque, um requintado túnel ao grande Ronaldinho Gaúcho em boa hora regressado ao escrete.

Em boa hora para o Benfica, evidentemente.
 
David Luiz, que o Chelsea quer levar já em Janeiro, segundo se lê nos jornais, bem precisava de um golpe de asa assim para de poder recompor emocionalmente do mau sucesso do Estádio do Dragão. É que fazer a bola passar entre as pernas do grande Ronaldinho Gaúcho, mesmo que num treino, a brincar, é um precioso alento para quem teve de ouvir tantos remoques sobre a sua prestação no último clássico do pequeno futebol português.
Ainda para mais quando Ronaldinho Gaúcho não desiste de ocupar na selecção brasileira o lugar que, lendo a imprensa e os especialistas nacionais, deveria ser entregue a Hulk, o que é incrível.

JESUALDO FERREIRA parece estar encaminhado para ser o próximo treinador do Panathinaikos da Grécia depois de não lhe ter corrido bem – ainda que tenha corrido bem depressa – a passagem pela Liga espanhola.
É um grande mistério este que envolve os treinadores portugueses – e logo os melhores - que não conseguem firmar no país do lado os créditos que somaram em casa.

Excepção feita a José Mourinho, obviamente. E é por isso mesmo que lhe chamam O Especial, porque é diferente dos outros todos. Mourinho, é verdade, ainda não ganhou um troféu no comando do Real Madrid mas, é a convicção planetária, há-de ganhar. Para já, ganhou a admiração de Chamartín, uma casa exigente, o respeito da imprensa, uma imprensa musculada, e o desamor dos rivais, que é exactamente o mesmo em todos os cantos do mundo.
José Mourinho foi o quinto treinador português, campeão em Portugal, a chegar a Espanha com um currículo mais avantajado do que o que tinha quando lá aterrou.

E os outros? O que se passou com os outros treinadores portugueses, todos eles campeões, que chegaram a Espanha e de lá partiram num ápice. Toni, campeão pelo Benfica, não resistiu em Sevilha muitas semanas. Jaime Pacheco, que foi campeão pelo Boavista, e António Oliveira, que foi campeão pelo FC Porto, passaram fugazmente pelo Maiorca e pelo Bétis sem nada acrescentar aos historiais dos respectivos clubes, e, por fim, Jesualdo Ferreira, três vezes campeão pelo FC Porto, não resistiu em Málaga a mais do que meia dúzia de jornadas do campeonato espanhol.
Será do clima? Do clima da Andaluzia – Sevilha e Málaga – e das ilhas Baleares – Maiorca – que é adverso aos treinadores portugueses?
Este é um mistério que ainda está longe de ser resolvido. De qualquer maneira, para os mais cépticos em relação aos talentos de José Mourinho, fica no ar aquela dúvida metódica sobre o actual treinador do Real Madrid:
-Pois…pois… mas não me convence enquanto não o vir fazer do Ayamonte FC campeão de Espanha!

PORTUGAL ganhou por 4-0 à Espanha que é a campeã do mundo. Devia ter ganho por 5-0 porque Cristiano Ronaldo marcou um golo lindo e limpo que o parvinho do árbitro entendeu anular. Quando joga a selecção e os árbitros são estrangeiros e maus, é um privilégio poder chamar-lhes parvinhos sem que ninguém por cá se ofenda. São as virtudes do internacionalismo.
 
Os espanhóis com um árbitro a sério tinham levado 5.
Fica provado que levar 5 acontece aos melhores do mundo.
 
Leonor Pinhão
 
Via Vermelho
GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 12:07 | COMENTAR | favorito
05
Nov 10

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO - DO PIOR QUE SE PODE IMAGINAR

 

O presidente do FC Porto não é um literato, nem um actor, nem um historiador, nem nada que se pareça com uma figura de intelectual ainda que lhe gabem muito, no círculo provinciano onde pontifica, os méritos de recitador de poesias.
 
Em momentos de maior deslumbramento, o presidente do FC Porto já produziu alguns recitais que foram vistos em todo o país graças à invenção da televisão. Tratando-se de um amador, sem outras credenciais que não sejam a da sua celebridade como dirigente desportivo, deve poder dizer-se que como declamador de poesia o presidente do FC Porto é, para quem nunca tenha assistido, do pior que se possa imaginar.
 
Mas não é justo criticar alguém por não exibir qualidades que não são tecnicamente as suas. No entanto, já é digno de nota o descaramento com que se abalança a essas exibições confrangedoras e muito aplaudidas no seu tal círculo restrito de admiradores.
 
Não sendo também um literato nem um historiador, no último fim-de-semana o presidente do FC Porto abalançou-se, com o mesmo descaramento que o leva a recitar como um inapto em público, a proferir uma palestra histórica sobre a conquista de Lisboa pelo nosso primeiro rei, primando pelas calinadas que, até ao momento, ficaram por corrigir.
 
Procurando uma analogia tão lamentável quanto serôdia entre a conquista de Lisboa e a rivalidade futebolística entre o seu clube e o Benfica, disse o presidente do FC Porto a uma plateia como sempre rendida, enfim, sem massa crítica: «Em 1134, o bispo do Porto, D. Pedro Picoas, exortou os cristãos a juntarem-se para ir a Lisboa para conquistar os mouros e expulsá-los de Portugal. Para além de um Santo, D. Pedro Picoas foi também um grande sábio.»
 
Ore o presidente do FC Porto não só não é um sábio como também é um pequeno ignorante atrevido, campo em que não está sozinho e até estará muitíssimo bem acompanhado por gentes com outras e maiores responsabilidades intelectuais, se é que isso serve a alguém de consolo.
 
A conquista de Lisboa não foi em 1134 mas em 1147, exactamente treze anos mais tarde do que a data catedraticamente apontada pelo presidente do FC Porto.
 
Mas este é um erro que se justifica vindo do presidente do FC Porto. Nem é bem um erro, é mais um vício, um tique compulsivo. É que também a data de fundação do FC Porto sofreu um desvio de 13 anos e, por bula papal, recuou de 1906 para 1893 sem que houvesse sequer discussão.
 
Quanto ao nome do bispo do Porto, a verdade é que não se chamava Pedro Picoas, como o presidente do FC Porto afirmou, mas sim Pedro Pitões, sendo que Picoas é um nome de uma estação do metropolitano (subterrâneo) de Lisboa – Linha Amarela – e sendo que Pitões até seria um nome bastante fácil de memorizar pelo presidente do FC Porto, um clube de futebol, visto que pitões são aqueles grampos de plástico ou em alumínio que se enroscam nas solas das botas dos jogadores para lhes dar maior estabilidade e tracção.
 
Mais importante do que este singelos reparos factuais, que mais não visam do que impedir de chafurdar alegremente na ignorância, nas trevas, aquela fatia significante de povo que, presumivelmente, só lê jornais desportivos e despreza os nossos romancistas e trovadores, trata-se aqui de dar razão a Vítor Baía que ainda há bem pouco tempo lamentou publicamente que o FC Porto tivesse uma «cultura muito para dentro, muito fechada».
 
Baía não estava, obviamente, a referir-se a questões de cultura geral, como se costuma dizer, nem às eventuais calinadas presidenciais quando envereda pelo discurso erudito. Nada disso. Baía, que é um rapaz de bom senso, estaria simplesmente a lamentar o anacronismo de um espírito medieval que reclama limpezas étnicas e expulsões do país em nome de uma bola de futebol e de umas quantas chuteiras.
 
Com pitões, naturalmente.
 
O FC Porto – Benfica da época de 1953/54 teve a precedê-lo um ambiente bem menos medieval. No seu último número de Dezembro de 1953, O Porto, jornal oficial do clube nortenho, exortava os seus adeptos a receber condignamente os rivais que haveriam de chegar de Lisboa:
«Portistas, vem aí o Benfica. É claro que vamos receber como ele merece: à moda do Porto. Os encarnados do Sul vêm de longada até à Cidade Invicta encher de alegria os olhos dos desportistas tripeiros. Que vença, Deus o permita, o nosso glorioso clube. É legítimo. Que os bravos benfiquistas nos perdoem a tripeira fraqueza… Nada de hipocrisias porque os dois baluartes do futebol nacional já habituaram de tal maneira os seus adeptos à exibição plena das mais nobres virtudes da ética desportiva.»
 
E FC Porto venceu o Benfica por 5-3 sem ter havido registo de qualquer incidente, tal como o jornal O Benfica, órgão oficial do clube, relataria na sua edição de 14 de Janeiro de 1954:
«Ganhou o Porto! Foi naquela tarde o melhor. Mas também soube pôr na vitória o timbre de firmeza e educação que só os atletas de elite possuem. Perdeu o Benfica! Mas nem por isso saiu diminuído da contenda. Deixou no belo Estádio o perfume da sua categoria de grande equipa, grande na maneira de jogar, enorme na forma como soube aceitar a derrota.»
 
É impressionante o que o país tem evoluído nestas últimas longas décadas…
 
O chileno Valdés marcou os dois golos com que o Sporting venceu a equipa principal da União de Leiria no último domingo. Lendo os jornais de terça-feira vislumbra-se um ameaço de crise em Alvalade… A quem se deve e explosão de Valdés?
Para este jornal A BOLA, o autor do milagre foi Paulo Sérgio, o treinador, que disse ao chileno antes de entrar em campo: «Concentra-te nas coisas simples!» e ele concentrou-se mesmo.
 
Já para o Correio da Manhã, o mágico de serviço foi Costinha, o director, que disse ao chileno antes de entrar em campo: «Acredito muito no teu potencial» e ele acreditou mesmo.
 
Isto a continuar assim não haja dúvida que promete.
 
VENCENDO o Lyon, o Benfica garantiu praticamente a qualificação para a Liga Europa. Quanto à qualificação para a fase seguinte da Liga dos Campeões ainda está longe de estar garantida. Faltam dois jogos e duas vitórias, ou seja, falta muito.
 
Leonor Pinhão, A Bola
GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 10:47 | COMENTAR | favorito
21
Out 10

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO - HÁ STEWARDS INFILTRADOS!!

 

 

 

 

DESDE que contratou a prima da águia Vitória para sobrevoar o Olímpico de Roma antes de cada jogo, a Lazio está imparável e ao cabo de sete jornadas lidera, isolada, o campeonato italiano com 2 pontos de avanço sobre o Milan e o Inter e com 4 pontos de avanço sobre a Juventus e o Nápoles.

 

Já em Lisboa, a propriamente dita águia Vitória passou um sábado atribulado apesar de o Benfica ter ganho sem grandes dores de cabeça ao Arouca e ter seguido em frente na Taça de Portugal, como lhe competia, com o devido respeito pelo Arouca.

De acordo com a notícia inquietante publicada neste jornal na sua edição de domingo, o nosso simpático Juan Bernabé, treinador, patrão e psicólogo da águia original, foi intempestivamente impedido de se fazer fotografar com umas crianças que pretendiam levar para casa a prova testemunhal de que tinham conhecido no Estádio da Luz o tratador e o animal, ou seja, a competente dupla que faz as delícias da criançada e dos mais crescidos naquele momento mítico que se repete antes de cada jogo do Benfica em casa.

 

Os autores materiais do desacato terão sido dois stewards de serviço que, sem boas maneiras, afastaram Juan Bernabé das crianças e, de tal forma o fizeram, que a águia Vitória andou a rebolar pelo chão à vista de toda a gente e o próprio Bernabé se terá desequilibrado com algum estardalhaço.

 

Mas, afinal, que stewards são estes que a Prosegur manda para o Estádio da Luz perpetrar atentados?

Sem querer embarcar em teorias da conspiração, ou a Prosegur está infiltrada de agentes provocadores ou os stewards em causa são taxativamente sportinguistas que ainda vinham a ferver da última assembleia-geral do clube deles, o que não é de admirar. E por já virem picados um com o outro desde a reunião magna na Nave de Alvalade não se contiveram quando Juan Bernabé, no seu falar espanholado, os cumprimentou com um saludo que lhes caiu mal:

 

- Boa noite, Costinhas!

E viraram-se a ele que nem leões e aconteceu o que aconteceu, uma tristeza, enfim.

 

Senhores stewards lagartos, abusivamente infiltrados na Luz, façam lá o favor de resolver esses desaguisados exclusivamente entre vocês, em sede própria, sem a presença de jornalistas, mas não venham para nossa casa atentar contra a harmonia reinante!

 

 

 
 
GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 17:14 | COMENTAR | VER COMENTÁRIOS (6) | favorito
14
Out 10

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO - ´DA POTÊNCIA E DA IMPOTÊNCIA

 

 

 

 

 

O futebol ocupou uma posição tal na nossa sociedade que o faz ser mais temido do que o próprio Estado de onde emanam os governantes e as políticas a que nos sujeitam. Tome-se põe exemplo o caso ainda fresco do presidente da Associação Comercial do Porto que abandonou melodramaticamente, e em directo, um programa de televisão de debate sobre futebolistas porque se recusou, em nome dos bons princípios, a comentar escutas ordenadas por um juiz no âmbito de um processo de investigação criminal.

 

O processo em causa, com o folclórico e colorido nome de Apito Dourado, incidia sobre práticas desleais protagonizadas por um sem número de dirigentes, empresários e árbitros de futebol, sendo que o clube do presidente da Associação Comercial do Porto era, sem margem dúvida, aquele que protagonizava mais práticas desse quilate.

 

E Rui Moreira, que é o nome do presidente da Associação Comercial do Porto, sentiu-se de tal modo constrangido pela discussão do assunto, que se levantou da cadeira onde estava sentado e foi para casa ofendido.

 

Não deixa de ser curioso que, a 26 de Fevereiro deste mesmo ano de 2010, o mesmo Rui Moreira não se tenha sentido minimamente constrangido, em nome dos seus bons princípios, a responder a um inquérito do diário I que lançava a seguinte questão: Depois dos episódios recentes relacionados com as escutas e o caso Face Oculta. Mantém a confiança no primeiro-ministro?

Fiquem pois sabendo que o presidente da Associação Comercial do Porto não só não se recusou a responder como até deu uma opinião bastante assertiva e contundente: «O primeiro-ministro tem que ser um factor de confiança perante o exterior e agora acho que passou a ser um factor de desconfiança perante o exterior.»

Embrulha, Zé Sócrates!

 

Convém, por ser verdade, esclarecer que o presidente da Associação Comercial do Porto não foi o único a disponibilizar-se para comentar as escutas do processo Face Oculta. Foi apenas um de uma lista de 50 individualidades identificadas e com profissões e estatutos sociais tão importantes como os empresários, economistas, sociólogos, escritores, presidentes de associações cívicas, professores universitários, fiscalistas, banqueiros, historiadores, penalistas, médicos, cientistas, militares e, final e inevitavelmente, um psiquiatra que, por sinal, até teria muito a acrescentar à discussão se nos quisesse explicar as razões desta impotência de que padece tanta gente quando chamada a tratar do intratável.

 

Compreendem agora que não é disparate nenhum concluir que o futebol mete muito mais respeitinho aos seus transeuntes do que a política e os políticos aos seus cidadãos? Perante as belezas e os perigos dos vetustos monumentos da bola nacional e o respectivo cortejo de vénias e de salamaleques aos seus dons e aos seus doutores, qualquer primeiro-ministro não passa de um Zé.

Ah, valentes!

 

APROXIMA-SE o dia do FC Porto – Benfica, duas potências em conflito. O historial de desacatos, desordens e vandalismos que antecedem o jogo propriamente dito não deixa nenhum dos emblemas superiorizar-se moralmente ao outro.

Estamos nestes casos, sempre e tristemente, perante um caso de polícia sendo que a polícia, aparentemente, tem tanto medo destes delinquentes enfarpelados com as cores dos respectivos clubes, como certos intelectuais e empresários têm medo de comentar as escutas no Youtube, desde que as escutas digam respeito apenas ao emblema do seu coração.

 

Tendo frescos na memória os acontecimentos da última deslocação do Benfica ao Porto – em que o disparo de bolas de golfe para o relvado se acrescentou ao tradicional reportório de pedradas contra o autocarro da equipa -, Luís Filipe Vieira fez-se receber pelo ministro da Administração Interna e anunciou «uma grande surpresa» dando-se o caso do Vermelhão voltar a ser atacado.

 

A possibilidade de o Benfica dar meia volta e regressar a Lisboa foi imediatamente aventada e, depois, elogiada ou criticada conforme os afectos de cada um, o que é sempre o pior critério para avaliar situações deste género cívico e que nada têm a ver com a questão desportiva.

E lá voltamos nós à questão da impotência, agora do Estado, responsável pela segurança pública, quando o assunto mete o futebol e logo ao mais alto, ou ao mais baixo nível, como é precisamente o caso. Tal como num jogo de futebol a autoridade máxima é o árbitro, num país a autoridade máxima que vela pela ordem nas ruas, nas estradas e nas auto-estradas é a polícia.

 

Na noite de passada terça-feira, em Génova, deu-se um caso curioso e exemplar. Estava marcada a realização do jogo Itália – Sérvia, de qualificação para o Euro – 2012, mas o comportamento dos adeptos, nomeadamente os sérvios, foi de tal modo criminoso que o árbitro, um escocês chamado Craig Thomson, perante a incapacidade policial em dominar os vândalos, resolveu suspender o jogo aos 6 minutos por não estarem reunidas as condições de segurança indispensáveis a um espectáculo público.

 

Não é de crer que a UEFA á condenar o árbitro por ter tomado a resolução do bom senso. Se uma coisa destas acontecesse em Portugal, o árbitro Thomson estava tramado até ao fim dos seus dias...

 

COM Paulo Bento, a selecção nacional voltou à normalidade. E isto já é dizer muito.

 

O Sporting queixa-se de ser perseguido pela Comunicação Social que não dá tréguas às mais insignificantes ocorrências do universo de Alvalade. Não tem razão o Sporting porque não há clube em Portugal que se ponha mais a jeito para os comentários dos analistas e até dos humoristas que são sempre os que mais fazem doer.

José Eduardo Bettencourt esforçou-se na última semana a dar entrevistas à RTP e ao jornal oficial do clube e ainda foi a Castelo Branco discursar num núcleo de simpatizantes locais. À RTP repetiu que a equipa de futebol estava «a um clique de distância» do sucesso, o que veremos se vai ou não acontecer, e que, pelos menos, o Sporting «nunca tinha ficado uma vez em 6.º lugar», o que é verdade. Também é verdade que o Sporting nunca ficou 32 vezes em 1.º lugar...

Ao jornal oficial do clube, o presidente regozijou-se pelo facto de já não ver «pessoas a rirem-se com as derrotas no balneário», o que é estranho. E em Castelo Branco afirmou que não podia dizer o que queria «para não ser ridicularizado no exterior».

 

O que também é verdade. Uma grande verdade.

 

Leonor Pinhão, A Bola, 14 Outubro 2010

 

Sublinhado meu.

GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 15:06 | COMENTAR | VER COMENTÁRIOS (1) | favorito
09
Out 10

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO - PEÇAM LÁ PARA REPETIR O JOGO

 

 

 

 

Na noite da passada segunda-feira, o simpático jogador uruguaio Jorge Fucile fez ao FC Porto em Guimarães precisamente a mesma coisa que umas semanas antes, no mesmo recinto, o árbitro Olegário Benquerença fizera ao Benfica.
 
Para quem ande distraído ou sofra de compreensão lenta, talvez seja necessário explicar melhor a ideia expressa no parágrafo anterior.
 
Tal como Olegário Benquerença, de apito na boca, enterrou o Benfica, na 4.ª jornada do campeonato, sonegando pontos aos campeões nacionais, Jorge Fucile, à 7.ª jornada, enterrou o FC Porto, que é a sua equipa, com uma exibição deplorável: numa desatenção sua nasceu o golo do Vitória de Guimarães, terminou o jogo mais cedo do que os companheiros porque foi expulso, e muito bem expulso, acrescente-se.
 
Fucile, ainda na primeira parte, rubricou ainda um outro momento que poderia ser fatal se o árbitro, Carlos Xistra, não tivesse deixado passar em claro a falta sobre um atacante adversário que cometeu dentro da sua área e que não foi sancionada com a grande penalidade que consta das leis do jogo tal como as conhecemos.
 
Tal como já lhe tinha acontecido na temporada passada, em Londres, no jogo com o Arsenal para a Liga dos Campeões, Fucile teve em Guimarães uma noite que gostará de esquecer porque foi altamente penalizadora para o seu clube.
Entre alguns benfiquistas mais versados no tema conspirativo das arbitragens, até há quem sugira que a expulsão de Fucile foi uma encomenda gritada do banco do FC Porto para o sempre obediente Carlos Xistra.
 
Qualquer coisa assim:
- Expulsa-nos lá o Fucile antes que ele dê mais cabo da equipa!
O que explicaria o momento dramático furioso de André Villas Boas, no fundo um grande canastrão, gritando junto à linha lateral a sua falsa revolta pela expulsão que tinha pedido. Ou seja, era para disfarçar.
Mas a coisa saiu-lhe mal porque o actor, como já referimos, também não é grande espingarda e o próprio árbitro acabou por se sentir incomodado coma péssima representação do moranguito que é como por aqui se chamam aos actores que estão em início de carreira.
Carlos Xistra, antes de lhe mostrar o cartão vermelho, ainda lhe recomendou:
- Menos, André, menos…
Mas foi em vão.
 
Também há quem defenda uma ideia contrária. É que não foi nada para disfarçar. André Villas Boas foi expulso para imitar José Mourinho, sua referência de palco. O problema aqui é que não é José Mourinho quem quer, só é José Mourinho quem pode, como o próprio, aliás, tão bem vem demonstrando ao longo de dez anos de carreira.
 
Depois enfim, aconteceu o que já se sabe.
 
O moranguito induziu-se por sua alta recreação num monólogo desastrado, clamou por imagens que lhe dessem razão, prometeu arrependimento público no caso de estar enganado e acabou sozinho em palco a meter os pés pelas mãos num ror de petulâncias que José Mourinho jamais assinaria porque ninguém o imagina a expor-se, assim, ao ridículo de ter de se desmentir a si próprio.
 
O desvario cénico por um empatezinho, para o qual o árbitro não foi tido nem achado, não acrescenta louros ao brasão de um treinador que segue isolado no comando da tabela com 7 pontos de avanço sobre os seus mais directos perseguidores e que ainda não perdeu um jogo oficial na corrente temporada.
 
Mas se não sabemos ainda se André Villas Boas tem mau perder, já é um dado adquirido que tem péssimo empatar.
Quanto às suas queixas sobre dois fora-de-jogo mal assinalados ao ataque portista, a que se juntou a voz sempre autorizada, quando se fala de árbitros, de Pinto da Costa, é o caso para lhe dizer:
- Peçam lá para repetir o jogo!
COMEMOROU-SE o centenário da República e um novo pacote de escutas do processo Apito Dourado foi disponibilizado no Youtube certamente com o intuito de acrescentar algum brilho cívico à efeméride.
 
O inevitável constrangimento de alguns opinantes leva-os a indignar-se muito com o assunto.
E, em nome da nossa República, da democracia que é de todos e das boas maneiras, que nem todos têm, reclamam um silêncio total sobre esse material não só porque é «ilegal» como também porque é feio escutar as conversas dos outros.
Discordo da argumentação. É muito importante para o triunfo dos ideais republicanos sobre a chafurda reinante tomar o povo conhecimento, por exemplo, da escuta do «nosso amigo juiz». Já ouviram?
 
Então vão ouvir como é que um juiz de um tribunal civil, trata como «o nosso amigo juiz», depois de passar uma manhã a ajuizar sobre uma questão que diz directamente respeito a um clube de futebol, finda a sessão pede, republicanamente, dois convites para ir ver a bola com o filho na tribuna presidencial de estádio do dito clube.
Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Principalmente uma grande fraternidade.
 
CARLOS Martins foi chamado à Selecção Nacional por Paulo Bento, treinador com quem teve alguns conflitos quando ambos eram funcionários do Sporting.
As razões desses conflitos nunca foram bem conhecidas mas, se fosse hoje, com o código Costinha para vestuário e comportamentos já em vigor, certamente que não teriam acontecido porque quer Paulo Bento quer Carlos Martins só teriam a lucrar humana e profissionalmente com os ensinamentos e ditames do actual director do Sporting, tal como já estão a lucrar os jogadores que compõem o actual plantel de Alvalade.
 
Mas, para Paulo Bento e Martins, os tempos já são outros. E Carlos Martins merece, sem dúvida, a confiança de Paulo Bento porque está a jogar que é uma maravilha. É até estranho como é que um jogador com esta qualidade, que foi criado nas escolas de Sporting, está hoje ao serviço do Benfica…
 
Enfim, foi um que escapou para o clube rival ao contrário de alguns outros, também de excelente dimensão, que de Alvalade rumaram alegremente para um clube amigo, como Ricardo Quaresma, Varela e, mais recentemente, João Moutinho. Com certeza que são rapazes que não se vestem bem.
Leonor Pinhão, A Bola
GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 23:47 | COMENTAR | VER COMENTÁRIOS (2) | favorito
02
Set 10

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO - POLVO AUTOMÁTICO VOLTA A ATACAR

 

 

 

 

ANDRÉ VILLAS BOAS poderia ter visto a sua neófita carreira posta em causa à nascença se o Benfica tivesse, como lhe competia, ganho a final da Supertaça no dia 7 de Agosto em Aveiro. Como o Benfica não só não ganhou como também perdeu bem, o treinador do FC Porto está prenhe de orgulho e dispara foguetes como uma girândola de arraial.

 

Despediu-se de Raul Meireles como uma manifestação ingrata de prosápia - «…temos entre nós quem ofereça melhor» - e, no final do jogo com o Rio Ave, despediu os jornalistas que o questionaram sobre a influência dos erros desse grande árbitro que dá pelo nome de Jorge Sousa com uma manifestação de pedantismo que não admite réplica: «Era o que mais faltava!», ripostou para acabar com a conversa.

 

E aqui temos o FC Porto com o piloto-automático!

 

ROBERTO JIMÉNEZ defendeu uma grande penalidade no jogo com o Vitória de Setúbal e o Benfica, ao contrário do que vinha sendo profusamente anunciado, não contratou nenhum guarda-redes até ao fecho do mercado. Admitindo que uma coisa possa estar relacionada com a outra, admita-se também que muito gostaríamos nós, os benfiquistas, de, na reabertura do mercado, em Dezembro, não termos de sofrer as angústias do reavivar da conversa sobre o guarda-redes.

 

É brasileiro, começou por ser lateral-direito e chamava-se Marcelo Maringá, porque foi na cidade de Maringá que nasceu. Depois saiu de Maringá e passou a ser conhecido por Marcelo Mineiro, que é o nome do Estado em que nasceu. Mas não ficou por aqui. Em 2006 meteu-se num avião e aterrou em Israel para jogar no Ahi Nazareth onde descobriu a sua vocação para marcar golos e onde se descobriu com uma nova identidade, a de Marcelo Toscano e foi como Marcelo Toscano que desembarcou na Suíça e jogou pelo Lausanne.

 

Chegou, finalmente, a Portugal na semana passada e na condição de simplesmente Toscano. Estreou-se com a camisola do Vitória de Guimarães no sábado e não pediu tempo de adaptação ao novo emblema nem, muito menos, discursou sobre a necessidade de entrosamento com os colegas.

 

O seu discurso foi bem mais original. Marcou os três golos do Vitória na Madeira e estão feitas as apresentações. Disse, depois que vinha para lutar com Falcão e com Cardoso pelo título dos goleadores.

 

Se continuar a facturar a este ritmo, Maringá-Mineiro-Toscano arrisca-se não só a ganhar a Bola de Prata como também a ver-se, rapidamente, naturalizado português e a jogar pela Selecção Nacional. Isto, evidentemente, se o seleccionador for a favor dos naturalizados em detrimento do épico trabalho da formação nativa.

 

E o nosso jovem de Maringá com mais do que legítima curiosidade, visto que acabou de chegar e conhece pouco do futebol português, perguntará:

- E quem é o seleccionador?

Alguém que lhe explique, se faz favor.

 

É cada vez mais difícil para o cidadão comum tomar partido nesta guerrilha entre a Federação Portuguesa de Futebol, o treinador Carlos Queiroz e a Autoridade Antidopagem de Portugal.

 

Curiosamente, os presidentes dos dois grandes nem hesitaram e colocaram-se do lado do seleccionador a ponto de se deslocarem à sede da FPF para depor em defesa do sucessor de Luiz Felipe Scolari. Bom, só este facto justifica plenamente o incómodo a que se deu Pinto da Costa porque, para ele, qualquer sucessor de Scolari é uma pessoa maravilhosa e mais do que competente.

 

O apoio expresso de Luís Filipe Vieira também se explica de uma penada. O presidente do Benfica jamais esquecerá as agruras que sofreu com o secretário de Estado Laurentino Dias e com Luís Horta, presidente da referida Autoridade, nas circunstâncias do caso de doping que envolveu Nuno Assis quando era jogador do Benfica.

 

Mas o cidadão comum, independente das tiranias das afeições clubistas, para que lado se há-de virar neste chorrilho de originalidades disciplinares e processuais? O que é que mais desinquietante? Ouvir Gilberto Madaíl garantir a tranquilidade da Selecção em início de campanha rumo ao Euro 2012 porque «a equipa sabe jogar com piloto-automático» ou ouvir o seleccionador afirmar que reúne «todas as condições» para se «manter no cargo»? Mas qual cargo, caramba, se até um piloto-automático dá conta do recado?

 

Nestes casos intrincados, nebulosos, no entanto, há sempre um momento de clarividência, um raio de luz que dissipa todas as dúvidas e que nos faz, sem hesitar, ter finalmente uma opinião fundada.

 

N sua última entrevista, à SIC, Carlos Queiroz contribuiu com um poderoso dado esclarecedor quando lhe foi pedido que explicasse o sentido da acusação que fez a Amândio de Carvalho, o perigosíssimo dirigente da FPF que «decidiu pôr a cara na cabeça do polvo», conforme afirmou ao Expresso.

 

- Desconhecia que polvo era uma expressão associada à máfia porque estive 16 anos no estrangeiro - disse o seleccionador.

Ora isto justifica amplamente um despedimento com justa causa. Há limites para a ignorância! Não sabe sequer o nosso seleccionador o que é o polvo-automático porque viveu 16 anos fora do país!

 

A única safa que Queiroz tem agora é dar mais uma entrevista - a 45.ª das últimas três semanas - , voltar a jogar ao ataque como tanto gosta e explicar ao povo português que nunca viu a série italiana O Polvo porque nunca teve televisão visto que é uma pessoa mais do género intelectual e dado à leitura de obras de teor metefísico.

 

Leonor Pinhão,  A Bola

 

GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 16:22 | COMENTAR | VER COMENTÁRIOS (1) | favorito
28
Mai 10

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO - E longe foi o agouro

 

 

E longe foi o agouro

 

No verão passado, três dos jogadores que não serviam para o Real Madrid foram convidados a ir-se embora e mandados para outras paragens. Os holandeses Robben e Sneijder foram parar, respectivamente, ao Bayern de Munique e ao Inter de Milão e bem os vimos, aos dois, no sábado, a pisar o relvado do Estádio Santiago Bernabéu, jogando a final da Liga dos Campeões, essa mesma final que o Real Madrid tanto queria jogar na sua própria casa e a que não conseguiu aceder.
 
Sneijder, que não servia para o Real, venceu ao serviço do Inter o campeonato de Itália, a Taça de Itália e a Liga dos Campeões. Robben, que não prestava para o Real, venceu pelo Bayern o campeonato da Alemanha, a Taça da Alemanha e foi vice-campeão europeu. O terceiro jogador de que o Real Madrid se desfez, no Verão passado, foi Javi Garcia que teve como paragem o Estádio da Luz. Bendita a hora!
 
Javi García foi logo campeão em Portugal e ainda venceu uma Taça da Liga. E entre os sectores intelectuais do Benfica há quem o considere como o mais decisivo, o mais influente dos jogadores que vieram contribuir para a brilhante conquista do título nacional.
 
Ou seja, os dispensados do Real Madrid fizeram a felicidade de outros emblemas, não menos históricos e ambiciosos, enquanto os adeptos merengues se limitaram a contemplar o brilho fantasioso das suas inúmeras estrelas sem nunca terem contemplado o brilho concreto de nenhum troféu, de nenhuma tacazinha, nem sequer de uma salva de prata. E é destes brilhos concretos que vive o futebol e que sobrevive quem faz do futebol profissão ao mais alto nível.
 
Como José Mourinho, naturalmente. Incrível trabalho e merecida proeza de transformar um grupo de veteranos num grupo de campeões europeus.
 
Enganou-se quem agoirou durante seis anos que Mourinho nunca mais voltaria a ser campeão europeu.
Que engano delicioso.
 
Em Toronto, no nada amigável jogo com o Panathinaikos, Moreira terá feito o seu último jogo com a camisola do Benfica e assinou uma exibição de alto nível, conta quem viu.
Por outro lado, conta quem viu a entrevista do treinador do Benfica no programa televisivo Trio de Ataque, Quim não estará nos planos de Jorge Jesus e já lhe terá sido sugerido que esteja à vontade para procurar outro clube.
 
Aparentemente, conta quem adivinha, o Benfica continua a procurar no mercado estrangeiro um guarda-redes cujos méritos indiscutíveis lhe garantam a titularidade.
 
A baliza do Benfica continua, portanto, a ser um tema em discussão, o que não é bom nem para o Benfica nem para os seus guarda-redes.
 
No sábado vimos em acção no palco de estrelas de Chamartín um dos guarda-redes que não serviu para o Benfica, Hans-Jorg Butt, servir perfeitamente para o Bayern de Munique ganhar o campeonato alemão e chegar à final da Liga dos Campeões. E, de acordo com a imprensa do seu país, Butt é o mais sério candidato a ser o guarda-redes titular da Alemanha no próximo Mundial. Mas para o Benfica não serviu, o que dá que pensar.
 
É verdade que Butt também teve a pouca sorte de chegar ao Benfica num momento em que o Benfica não tinha sorte nenhuma, em que nada saía bem. Até parecia bruxedo. O guarda-redes alemão, por exemplo, chegou à Luz com uma folha de serviço impressionante e rara na sua posição. Ao serviço do Hamburgo e do Bayern Leverkussen, Butt tinha marcado um total de 28 golos através de pontapés de grande penalidade, arte em que era superiormente certeiro.
 
Camacho, que apostou em Quim para o campeonato, confiou a Butt a baliza do Benfica para a Taça da Liga. Num desempate com o Estrela da Amadora, bem no início da competição, Butt foi chamado para converter um dos cinco pontapés e ele, que nunca falhara, falhou ali mesmo, nem sequer conseguindo acertar com a bola na baliza.
 
Os adeptos torceram o nariz e passaram a olhar para o alemão de soslaio. «Olha-me este…» E, por tão pouca coisa, foi o fim de Butt no Benfica.
 
Este ano, para o campeonato, Óscar Cardoso falhou quatro grandes penalidades, deixou os benfiquistas à beira de quatro ataques de nervos, mas nunca terá sentido sinais de desconfiança vindos das bancadas, onde se senta o público, ou vindos do banco, onde raramente se senta o treinador, visto que passa a maior parte do tempo em pé.
 
É precisamente isto que se tem de fazer com o guarda-redes. Seja ele quem for.
Acabou o campeonato e acabou-se a clubite. Agora os adeptos olham para a Selecção como se fosse mesmo a tal «equipa de todos nós». Produzem-se sensações curiosas. Depois do tristonho Portugal-Cabo Verde, nulo no resultado e nulo no espectáculo, ouvi, pela primeira vez, alguns amigos meus de outros clubes, rivais do meu, dizer com um ar plenamente convencido: «Este Fábio Coentrão é mesmo muito bom jogador!»
 
Durante o campeonato, nunca tinham dado por isso. É a cegueira clubista, de que eles e nós, enfim, todos padecemos.
A Pior notícia do jogo com os cabo-verdianos foi a lesão de Tiago que levanta dúvidas sobre as suas capacidades de estar na África do Sul em pleno. Mas se Tiago, longe vá o agouro, não chegar a embarcar, qual será o jogador que Carlos Queiroz irá escolher para o substituir.
 
Ontem, ouvi um curioso diálogo de café entre um benfiquista e um sportinguista versando, precisamente, este tema:
- Cá para mim, levava o Rúben Amorim – dizia com toda a convicção o benfiquista.
- Cá para mim, levava o João Moutinho – ripostava com toda a convicção o sportinguista.
- O João Moutinho? – escandalizou-se logo o benfiquista.
- Qual é o problema? – foi a resposta que ouviu do sportinguista.
- Só se o Queiroz quiser reeditar na África do Sul aquele triângulo de ouro do meio campo do Sporting, Veloso, Pedro Mendes e Moutinho, que conseguiu ficar a 28 pontos do campeão.
 
Pronto, a conversa azedou imediatamente. É a cegueira clubista a triunfar sobre o espírito patriótico.
A entrevista de Hermínio Loureiro, presidente demissionário da Liga de Clubes, ao semanário Sol é uma peça exemplar para quem, um dia, queira escrever a História do último quarto de século do futebol português. Loureiro, que conta muita coisa, diz, no entanto, que é «impublicável» o teor do telefonema que recebeu de Pinto da Costa a anunciar-lhe a decisão do Conselho de Justiça da FPF sobre a redução dos castigos a Hulk e a Sapunaru.
 
E deve ter razão nas suas cautelas até porque, ao longo da entrevista, limita-se a relatar factos – a rábula da entrega da Taça é do mais elucidativo sobre a invenção de focos de conflito (lamentavelmente, há quem chame a isto uma arte) - , sem precisar de enveredar por acusações directas e sonantes. O mais longe que Hermínio Loureiro foi, neste campo, ficou-se pela «falta de educação» evidente.
 
Quanto ao teor do telefonema, quem sabe… talvez um dia… no YouTube.
 
Leonor Pinhão, A Bola
GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 12:01 | COMENTAR | favorito
29
Abr 10

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO - Deixem lá jogar o Falcao!

Deixem lá jogar o Falcao! (ou «admito que levei uma palmada, mas até gostei…»)  

 

O Sporting de Braga está a um ponto de garantir o apuramento para a fase de qualificação da Liga dos Campeões de 2010/2011 e o Benfica está a um ponto de conseguir ganhar o campeonato nacional de 2009/2010. Tudo isto a duas jornadas do fim da prova quando os exercícios de aritmética vão apertando, apertando…

 

Se quisermos analisar o assunto através do cálculo das probabilidades, conclui-se que é tão difícil para o FC Porto chegar à Liga dos Campeões como é difícil para o Sporting de Braga chegar ao título. No entanto, tratando-se de futebol, tudo é possível. O próprio Domingos Paciência, competente treinador do superBraga, fez questão de recordar há poucos dias que se lembra muito bem de já ter visto o Desportivo da Corunha perder um título nacional espanhol no último minuto do último jogo.

 

E quem é que não se lembra de um fenómeno como aquele que deixou em lágrimas os nossos irmão galegos? Na temporada de 1993/1994, o Desportivo da Corunha liderou o campeonato de Espanha desde a 14.ª jornada até à penúltima ronda, entrou em campo para o derradeiro jogo, contra o Valência, com uma margem mínima de avanço sobre o Barcelona, segundo classificado, e não só não conseguiu ganhar aos valencianos, jogando em casa, como ainda teve de suportar o inferno de ver o seu avançado sérvio Djukic falhar uma grande penalidade nos momentos finais do jogo.

 

Longe vá o agouro, não é Domingos?

 

De qualquer modo, para quem tem vindo a assistir com imparcialidade ao corrente campeonato português poucas dúvidas restam sobre os méritos atribuíveis ao Benfica, que jogou sempre mais e melhor futebol do que um Braga sensacional e que, por isso mesmo, merecerá ganhar a prova e nenhumas dúvidas restam sobre os méritos atribuíveis ao Sporting de Braga que, ao longo da época, foi sempre muito melhor e mais consistente equipa do que a equipa do FC Porto, com excepção daquela sua visita ao Estádio do Dragão onde sofreu um inexplicável ataque de nervos e de lassidão e acabou por sair goleado.

 

Assim sendo, o Sporting de Braga merece muito mais ir à Liga dos Campeões do que o FC Porto. Embora não precise da Liga dos Campeões porque é um clube que está a nadar em dinheiro, ao contrário do FC Porto que vem apresentando passivos que preocupam alguns dos seus associados mais ilustres que nem se coíbem de discutir o assunto pelos tribunais, discutindo, com a intermediação de um juiz, honorários e prémios dos administradores do seu emblema. Como todos sabemos, a Liga dos Campeões tem dois tipos de atractivos: o desportivo, pelo prestígio que confere, e o financeiro, pela riqueza que proporciona e que sempre constitui motivo de alegria.

Ao contrário do tesoureiro do FC Porto, o tesoureiro do Sporting de Braga está-se positivamente nas tintas para o dinheiro. Porque não precisa, como vem sendo provado há meses e com exemplos práticos. E vêm aí novas provas, para que não restem dúvidas sobre o assunto.

 

Já foi anunciado, em comunicado oficial, que «a Direcção do Sporting de Braga decidiu abrir as portas gratuitamente do Estádio Municipal, desta feita para a recepção ao Paços de Ferreira, no próximo domingo», tal como já tinha acontecido por ocasião da visita do Marítimo à cidade dos arcebispos, que produziu uma assistência de 30 mil espectadores, e por ocasião da visita do Olhanense ao mesmo estádio. Ou seja, o Sporting de Braga não vive da bilheteira, dá-se ao luxo de não vender ingressos, não precisa do dinheiro dos seus adeptos, não precisa sequer de ir à Liga dos Campeões.

 

Isto não é concorrência desleal. Isto é o triunfo de uma gestão económica que faz inveja a muita gente. A muito boa gente, evidentemente.

 

A presença de Jesualdo Ferreira no banco no jogo com o Benfica esteve em dúvida. Em Setúbal, foi a primeira vez que o professor foi expulso em toda a sua carreira. E logo numa semana em que também foi a primeira vez em toda a sua carreira que Jorge Jesus afirmou preferir «festejar o título no relvado» do que saboreá-lo em casa a ouvir o relato de jogos de terceiros. Esta ausência de Jesualdo Ferreira encerraria em si uma grande incerteza e uma grande certeza.

 

A grande incerteza era saber-se quando é que o treinador que conduziu o FC Porto ao tetra se voltaria a sentar no banco do FC Porto no Estádio do Dragão.

 

A grande certeza seria esta: no domingo, Jesualdo Ferreira não estaria no relvado se, por acaso, Jorge Jesus conseguir mesmo festejar o título na casa do grande rival.

 

Há expulsões que vinham mesmo a calhar. Mas a Comissão Disciplinar da Liga não deixou. Jesualdo vai orientar o FC Porto desde o relvado. Digam lá que isto não é uma cambada de benfiquistas…

 

GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 21:27 | COMENTAR | VER COMENTÁRIOS (1) | favorito