24
Ago 11

AINDA HÁ SPORTINGUISTAS COM NÍVEL - ARTIGO DE ZÉ DIOGO QUINTELA..

 

«(...) O grande problema do Sporting não são os erros da arbitragem - é não conseguir meter a bola na baliza» Bruno Prata, Público, 23/8/2011
Esta afirmação de Bruno Prata, que tem sido repetida por muitos, é falsa.
Porque o Sporting consegue meter a bola na baliza, mas o golo é mal invalidado. No jogo contra o Olhanense marcámos golos, contra o Beira-Mar é que não. E esse jogo foi depois da birra dos árbitros. E a questão não é essa. A questão é o facto de tanta gente querer fazer pensar que a questão é essa.
Imaginem que um homem, incompetente no seu trabalho, é despedido. Nesse dia volta para casa mais cedo e surpreende a mulher com o amante. Faz um escândalo. Eu digo que o marido é traído porque a mulher é galdéria, o Bruno Prata e outros jornalistas desportivos dirão que é traído porque é incompetente no emprego.
Mas não nos podemos iludir. A culpa desta situação é nossa, do Sporting. Não a culpa de falharmos golos ou de termos ofendido os árbitros, mas a culpa de ter aceitado, passivamente, o que tem acontecido nos últimos anos.
A culpa é nossa por nunca termos dito nada sobre o Apito Dourado. Por termos tido presidentes que se sentaram, como se nada fosse, ao lado de Pinto da Costa, o homem que recebe árbitros em casa, que lhes paga viagens ao Brasil, que lhes oferece fruta e ameaça oferecer o jantar. Por apoiarmos a eleição para a Liga de Fernando Gomes, ex-vice-presidente do Porto do tempo do Apito Dourado. O Sporting ajudou, com o seu silêncio, com a sua conivência, a que os comportamentos corruptos, que prejudicam o clube, passassem impunes e, mais grave, passassem a ser considerados irrelevantes.
Não foi só o Sporting, claro. Também têm culpa os jornalistas que continuam a fingir que não se passou nada. Os directores que evitam os assuntos polémicos, com medo de perder o acesso aos dez minutos iniciais dos treinos e às conferências de imprensa cheias de banalidades. Os comentadores que negam que o que se passou seja grave, para não terem de admitir que festejam títulos ganhos com trafulhice. Os clubes que não protestam quando são prejudicados em favor do Porto. Os dirigentes da Liga e da Federação que olham para o lado. Todos contribuem para que, em Portugal, a trapaça seja normal. Se é normal um presidente receber em casa um árbitro que, dois dias depois, vai beneficiar o seu clube num jogo importante e se, ainda por cima, é o presidente do clube que já pagou viagens ao Brasil a outros árbitros, então qual é o espanto por haver golos mal anulados como o do Sporting -Olhanense?
Os árbitros só fizeram este boicote patético porque acham que, como é o Sporting, podem. Porque, vendo a atitude do Sporting nos últimos anos, julgaram que éramos tíbios. Alguém acha que faziam isto ao Porto, por exemplo quando o Villas Boas criticou João Ferreira, antes de um jogo na época passada? Claro que não faziam. O Porto é que manda. Ou manda dar fruta, ou manda dar o jantar. Ou putas, ou porrada.
Quem não se dá ao respeito, como Sporting não se deu nos últimos anos, acaba assim, com um grupo de bandalhos a achar que nos pode intimidar. Mas ainda podemos mostrar-lhes o quanto estão enganados.
O que há a fazer, aconteça o que acontecer, é não pedir desculpa. Está fora de questão ceder sequer um milímetro. Seria admitir que somos menos do que os outros clubes. E, se palhaçada continuar, então devemos recusar participar neste campeonato. Era a atitude que devia ter sido tomada quando se descobriu que a fraude do Apito Dourado ia passar incólume. Ainda vamos a tempo.
PS - A solução para o problema do futebol português não passa pelo aumento da competência dos árbitros através da sua profissionalização. É uma falácia. A maioria das vezes não erram por incompetência, erram por corrupção. E aumentar-lhes o salário só vai fazer com que se esforcem mais para fazer batota a favor de quem influencia a decisão sobre que árbitro tem melhor nota e sobe de escalão, logo ganha mais. O Apito Dourado mostrou bem quem manda nesta bodega. Enquanto o Presidente do Porto puder oferecer fruta, viagens e cafezinhos à vontade, o que é que interessa se é a árbitros de classe média ou a árbitros de classe média alta? Ou será que, se ganhasse mais dinheiro, Augusto Duarte já não precisava de aconselhamento matrimonial de Pinto da Costa para o seu pai? E Jacinto Paixão, com um aumento de salário, deixava de preferir mulatas? Zé Diogo Quintela
GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 15:22 | COMENTAR | VER COMENTÁRIOS (2) | favorito
ETIQUETAS:
22
Dez 10

12 penáltis em 14 jornadas... CRÓNICA DE JQM

 

"As equipas de Bartolomeu e Pinto da Costa somam 12 penáltis em 14 jornadas, ou seja, um terço (33 por cento) do total da Primeira Liga.

 

 Um "must"!" Por João Querido Manha, na sua crónica no jornal Record...

 

O ano está quase pronto a dar entrada nos arquivos como o do regresso do Benfica à linha do sucesso, com toda a pompa, mas são legítimas as dúvidas sobre a circunstância e inúmeros os que observam o trajeto da equipa de Jorge Jesus como um fenómeno conjuntural, bastante facilitado pela fragilidade psicológica dos protagonistas envolvidos nos julgamentos, judiciais, desportivos e populares, do processo conhecido pelo absurdo nome de "Apito Dourado".

 

O penálti que abriu caminho ao triunfo da União de Leiria na Figueira da Foz é um daqueles lances emblemáticos, a levantar a ponta do véu. As equipas de Bartolomeu e Pinto da Costa somam 12 penáltis em 14 jornadas, ou seja, um terço (33%) do total da 1.ª Liga. Um "must"!

 

Assistimos a um regresso às origens, com o grupo dos figurões a voltar pelos "bons" motivos à primeira linha das notícias, faltando apenas no ramalhete o abandonado "compagnon de route" do Boavista. Os sinais de impunidade que os arquivamentos sucessivos foram passando, ao mesmo tempo que a Liga se reposicionava internamente, elegendo para líder uma figura "acima de toda a suspeita", foram chancelados em particular pelo Benfica, inebriado pelos vapores do sucesso, sem dar conta de quão efémero ele era.

 

Dentro das quatro linhas, viveu-se o paralelismo simbólico dessa grande operação de retoma, com a reorganização desportiva do FC Porto, em contraste com o relaxamento e descuido dos recentes campeões. A entrada firme na nova época foi fundamental e remeteu para um procedimento clássico e comum na maioria dos títulos dos últimos 30 anos, assegurados normalmente nas primeiras dez jornadas com intervenções cirúrgicas nos próprios jogos e nos dos adversários.

 

Afinal 2010 não será o ano da águia e pode vir a ser visto mais tarde como um insignificante incidente do longo percurso dessa força descomunal que o líder natural descrevia ontem de modo muito honesto: "depois, a jornada acaba sempre com uma vitória nossa".

 

Leia a crónica completa em http://www.record.xl.pt/opiniao/cronistas/zona_m/interior.aspx?content_id=631385

GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 18:01 | COMENTAR | VER COMENTÁRIOS (3) | favorito
ETIQUETAS:
10
Nov 10

O TEXTO QUE O JORNAL A BOLA CENSUROU - CRÓNICA DE JDQ

A Bola censurou parte da crónica de José Diogo Quintela, na qual o sportiguista, um dos Gato Fedorento, critica veementemente Miguel Sousa Tavares. O texto censurado resulta de uma 'guerra' de palavras gerada com a posição obscura de Sousa Tavares sobre as escutas do Apito Dourado... Apanhado aqui: 'FC Porto, A Mentira Desportiva'

 

Esta censura, perpetrada pela Bola, levou Ricardo Araújo Pereira a solidarizar-se com José Diogo Quintela e, ambos, deixam de escrever para esse jornal...  

 

 

Autor: José Diogo Quintela

 

Na 3ª feira, Miguel Sousa Tavares insinuou que eu e o Ricardo Araújo Pereira costumamos corrigi-lo por ele ter sido o único convidado, além do Presidente da República, a não ter vindo ao “Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios”. O Ricardo desmentiu ontem essa tese de vendetta e julgo não ser necessário voltar a referir as inúmeras pessoas que também não aceitaram o nosso convite, pessoas que não costumamos corrigir. ( até aqui o Jornal A Bola publicou, tudo o resto foi cortado pelo lápis azul...) Talvez porque não tenham por hábito defender teses absurdas e incoerentes sobre o Apito Dourado.

 

Por outro lado, há muita gente sobre quem costumo escrever e que foi ao programa. José Sócrates e Passos Coelho, por exemplo. Deve ser para lhes pagar o favor de terem aceite o convite. Acha MST que hoje diremos que o convite foi um erro e que não sabemos porque o convidámos. Acha também que sabe bem porque é que não aceitou. Engana-se.

 

Para já, não foi erro nenhum, sabemos bem porque o convidámos: para ele fazer o que faz aqui, mas na televisão, que é mais espectacular. Depois, palpita-me que ele já não sabe porque recusou: aquilo passou-se há um ano, tempo mais que suficiente para MST entretanto ter mudado a sua convicção.

 

Entretanto, pela segunda vez num ano, MST tenta intimidar-me por causa do que escrevo nestas crónicas. Em Janeiro pediu a Pinto da Costa para que me processasse. Desta vez, vitimiza-se e ameaça abandonar a sua crónica n’A BOLA, pretendendo que o Ricardo e eu sejamos responsabilizados pela sua saída. Depois das queixinhas, uma ameaça de amuo. Que birra se seguirá? Suster a respiração? Que outras traquinices tem MST em carteira para me sensibilizar?

 

Não gostava que MST deixasse de escrever aqui. Gosto de o ler. Quero que, entre outras coisas, continue a dizer que, quando Porto lhe pagou uma viagem, Calheiros estava reformado (a sério, não sei mais o que faça para desmentir isto. Trazer cá o homem? Se lhe pagar a viagem, de certeza que vem…).

 

Por isso, deixo-lhe um pedido. Faça às nossas crónicas o mesmo que faz com as fontes que cita: não as leia. Ignore-as. Finja que não existem, não responda. É um direito que o assiste.Olhe, até vem consagrado na 5ª emenda (que faz mesmo parte da Constituição, não é como a Declaração de independência). MST pode invocá-la. Evitará auto-incriminar-se.”

 

Mais pormenores publicados por José diogo Quintela, AQUI

 

 

GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 14:16 | COMENTAR | VER COMENTÁRIOS (4) | favorito
ETIQUETAS: ,
12
Out 10

CRÓNICA DE JDQ - "TITANIC" NO BIDÉ

 

 

 

"No Trio d'Ataque de terça-feira, depois da saída de Rui Moreira (que fez lembrar a fuga do árbitro Paulo Baptista das Antas, quando Pinto da Costa lhe quis oferecer «jantar»), Rui Oliveira e Costa (ROC) disse que as escutas são uma forma de tortura. Disse também que não as discutia porque, cito, «não lavo a cara no bidé», o que faz dele um dos mais completos comentadores desportivos de país: não só perora sobre futebol como, ao mesmo tempo, fornece informações sobre os seus hábitos de higiene. Gosto disso e vou copiar o modelo.

 

Eu (que não uso canetas Bic para limpar a cera dos ouvidos) também acho que as escutas são uma tortura. Mas para quem as ouve. Perceber que aquelas conversas foram descaradamente ignoradas pelo tribunal é um suplício para mim, (que não palito os dentes com a chave).
Debruço-me apenas sobre alguns segundos destas novas escutas, quando António Araújo fala com um funcionário do FCP e pergunta quem serão os bandeirinhas de Paraty no Gil Vicente-Sporting. Como depois não se aflora mais esse assunto, fui averiguar. Encontrei esta noticia no DN de 7 de Setembro de 2006:
«O Sporting foi outra das equipas que terão sido prejudicadas pelas arbitragens, na época 2003/04(...). No processo Apito Dourado há uma referência ao jogo Gil Vicente-Sporting(a 22 de Fevereiro de 2004), em que se descrevem movimentações antes da partida.(...)
 
O jogo foi arbitrado por Paulo Paraty e a Policia Judiciária interceptou, dias antes da partida, contactos entre o empresário António Araújo, que mantém negócios com o FC Porto, e um dos auxiliares que fazia equipa com o árbitro do Porto, Devesa Neto. 'Eu depois de amanhã ligo-lhe, que eu precisava de, eu precisava de falar com o Paulo(...) que preciso de lhe dar uma palavrinha, está bem?', disse Araújo a Devesa Neto. Neste mesmo dia, Paraty fala com Devesa Neto ao telefone e, pela conversa, o outro árbitro assistente do jogo, Serafim Nogueira, «iria beneficiar o Gil Vicente e um terceiro clube, o FC Porto», segundo refere o Ministério Público de Gondomar no despacho de arquivamento.
 
'O Serafim vai vacinado, vai benzido(...) vai benzido pelo lado norte. Bruxo. Vai benzido por dois lados até (...) pelo Minho e pelo norte'. Foi esta troca de palavras entre os dois que levantou suspeitas. Até porque na mesma conversa, Devesa Neto disse: 'Ele também nunca pode fazer muito, o jogo dá na televisão, perceber?'

O jogo acabou empatado (1-1) e o MP afirma que, com este resultado, o Sporting perdeu dois pontos e atrasou-se na luta pelo titulo. No relatório da peritagem ao jogo, são elencados vários lances em que ficaram por punir faltas ao Gil Vicente que poderiam resultar na 'possibilidade do Sporting marcar golo'.»
 
Apesar do jogo ter dado na TV, o Serafim até fez muito: o Gil Vicente marca o golo num penalty inventado. Lembro que isto se passou na mesma época em que António Araújo, o torturado, ofereceu fruta a Jacinto Paixão a mando de Pinto da Costa; a mesma época em que António Araújo, o mártir, combina a ida do árbitro Augusto Duarte a casa de Pinto da Costa; a mesma época em que António Araújo, o flagelado, diz ao presidente do Nacional que há que «trabalhar» o árbitro, ao que este responde «toca a andar». E parece que andou mesmo.
 
Portanto, nessa época, quando este empresário se conluia com o bandeirinha dum jogo em que o Sporting viria a ser prejudicado, há comentadores sportinguistas que acham que ele é que é a vítima. É uma espécie de síndroma de Estocolmo, se Estocolmo fosse na Avenida Fernão de Magalhães, no Porto.
 
ROC diz que as escutas são tortura. Tortura é escutar ROC, que é capaz de passar uma hora a discutir se o árbitro errou ou não, e dizer que não se pronuncia quando se descobre a razão pela qual o árbitro errou. Ainda por cima sabendo que, à conta da trafulhice dessa época de 2003/04, fomos afastados da classificação favorita de ROC, o 2ºlugar. E também da minha, o 1ºlugar. Mas isso sou eu, que não me assoo à fralda da camisa.
 
No editorial em que responde aos comunicados do Sporting, Alexandre Pais (AP) diz que «Record reage assim com superioridade moral e distância aos recentes comunicados». Normalmente, sabe-se que alguém se guinda a uma posição de superioridade moral pelo tom que usa, pela forma como diz as coisas. Mas em AP a superioridade moral é dupla: não só é intuída, como o próprio assegura que a possui. É uma superioridade moral moralmente superior. Com esta sobranceria redundante, AP elevou a santimónia a um novo patamar. É um moralista num escadote.
 
Não me surpreende. Em Setembro de 2006, (quando surgiram notícias como a do DN aqui citada), respondi a um inquérito do Record. À pergunta «o que gostaria de ler amanhã no Record?», respondi «uma noticia qualquer sobre escutas e corrupção, que não seja primeiro dada nos jornais generalistas.» Passados uns dias AP escreveu: «José Diogo Quintela disse, nestas colunas, que gostaria de ler amanhã no Record 'uma noticia qualquer sobre escutas e corrupção que não seja primeira dada nos jornais generalistas'. Trata-se de um desejo difícil de concretizar, pois quando o futebol perder de todo a credibilidade - traído por aqueles a quem dá de comer - aos generalistas não faltarão outros temas para exibir barba rija. Mas, morto o futebol, o Record perderá a razão de existir. Que mexam no lixo que os tribunais largaram. Nós pertencemos a um circo que vive de emoções - de golos e de erros, títulos e de frustrações. E não temos vergonha disso.»
 
Assim fiz. Continuei a mexer no lixo do Apito Dourado, enquanto AP continuou a pertencer aos «circo que vive de emoções», não traindo quem lhe «dá de comer». Sem vergonha, como o próprio admite, Mas com estupenda superioridade moral, claro."
Zé Diogo Quintela, A Bola, 10 de Outubro
GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 14:08 | COMENTAR | favorito