É na Copa do Mundo da FIFA que nascem as lendas. E foi no Mundial de 1966 que Eusébio ganhou o estatuto de imortal no futebol, que mostrou ao planeta quem era o Pantera Negra que já tinha conquistado uma Taça dos Campeões Europeus da UEFA com o Benfica. Com nove golos sagrou-se goleador máximo da prova e ajudou Portugal a chegar a um inédito terceiro lugar em Inglaterra, um resultado que se mantém, até hoje, como o melhor da nação lusitana em mundiais.
Mas o nome de Eusébio não deu alegrias apenas aos portugueses. Bem melhor contrário. Afinal, o pantera negra nasceu em Moçambique e o menino de Maputo encheu de orgulho o país africano, à altura uma colónia de Portugal. Já lá vão 44 anos, mas o Pantera Negra continua a ser um estrela. Em África, na Europa, no Mundo. E no ano que ficará para a história com a realização do primeiro Mundial no continente africano, a FIFA falou com o King sobre o que representa ter a oportunidade de ver o Mundial ser jogado tão perto de casa.
“É um grande orgulho viver este momento histórico, principalmente porque nasci aqui bem perto, em Moçambique. Julgo que todos os africanos - todos os vivem por esse Mundo fora - se sentem privilegiados por verem o Mundial a ser jogado em África”, afirma Eusébio, satisfeito por poder acompanhar, na África do Sul, a campanha de Portugal, selecção da qual é embaixador. As memórias são muitas. “É óptimo tão perto do meu país. Afinal, de Joanesburgo a Maputo é uma curtíssima viagem de avião. Já conhecia a África do Sul mesmo antes de ir jogar para Portugal, porque costumava vir aqui com o meu irmão quando ainda era criança. Isso faz com que o meu orgulho seja ainda maior. É o momento para África brilhar ao mais alto nível e estou muito agradecido à FIFA por ter escolhido a África do Sul como organizador”.
Eusébio adivinha que, no dia 11 de Julho, todos vão dizer que o “melhor Campeonato do Mundo de todos os tempos foi organizado em África” e espera que a festa se solte como um enorme aplauso para a mãe de todos os continentes. “Acredito que vai ser um Mundial cheio de fair-play e que os adeptos vão poder seguir as respectivas selecções sem quaisquer problemas, aproveitando o que de melhor África tem para oferecer. E tenho a certeza que o Mundo inteiro vai aplaudir o novo campeão, o novo vice-campeão e toda a estrutura que foi montada para receber e tornar possíveis 64 jogos de grande qualidade”.
A eliminar tudo é possível
O Pantera Negra vai, como é óbvio, acompanhar com especial atenção e emoção a campanha de Portugal, que começa terça-feira frente à Costa do Marfim. “Espero que a equipa consiga uma excelente participação, sabendo que, para que isso seja uma realidade, é preciso uma boa prestação no primeiro jogo. Se conseguirmos a vitória, abrem-se as portas dos oitavos-de-final e, nos jogos a eliminar, tudo é possível para a selecção nacional. Mostrámos isso no Euro2004 e no Mundial de 2006”.
E para que Portugal possa repetir, pelo menos, a prestação da Alemanha, em que chegou ao quarto lugar, Eusébio confia no trabalho do seleccionador português: “É uma pessoa que conheço há muitos, muitos anos. Como treinador teve o mérito de ser o grande responsável que conduziu as nossas gerações mais jovens aos títulos mundiais da FIFA de Sub-20, em 1989 e 1991. Foi a rampa de lançamento que permitiu, mais tarde, que Portugal tivesse grandes selecções seniores”.
"Infelizmente, a geração de Ouro não conseguiu ganhar a final do Euro2004, quando Luiz Felipe Scolari era o seleccionador, mas, voltando à questão, Carlos Queiroz é um treinador que sabe perfeitamente qual é o seu papel. Sobretudo, é uma pessoa que admiro muito e, claro, convém não esquecer, que é meu compatriota, porque também nasceu em Moçambique”, acrescenta aqueles que muitos consideram o melhor jogador português de todos os tempos.
(FIFA.com)