Rui Santos: "O Benfica precisa de abrir os olhos"

vitória da estratégia do FC Porto... - “Este título nacional foi a vitória da estratégia. O FC Porto tem uma estratégia há 30 anos, que não é errática, que tem pilares. É simples: há muitos anos Pinto da Costa designou um inimigo do FC Porto. Criou a ideia de que era importante combater Lisboa, visou o centralismo, que prejudicava o FC Porto. Conotou o Benfica com o anterior regime. É uma conotação excessiva, mas a estratégia tem sucesso há 30 anos”, sublinhou o comentador da SIC e cronista do Relvado.

Estratégia essa que tem como base “uma liderança unívoca, a aproximação dos adeptos à figura de Pinto da Costa e de Pinto da Costa aos adeptos. Além da relação que estabelece com os treinadores e atletas, e nisso Pinto da Costa é insuperável. É fechar as portas, ter uma só voz, selecionar a imprensa, e nisso há um contraste imenso com os clubes de Lisboa”, acrescentou.

e a ausência de estratégia do Benfica - “Em contraponto”, realçou, “o Benfica não tem estratégia”. “Luís Filipe Vieira já experimentou várias dinâmicas: atacar arbitragens, respeitar os intervenientes, e nada resultou. O Benfica não aprende. Luís Filipe Vieira sabe que, se quer ter futuro no Benfica, tem de arrepiar caminho. Parece-me inevitável que o Benfica tem de fazer um ataque àquilo que tem sustentado o sistema, tem de atacar alguns desses pilares, como fazer um novo acordo com a Olivedesportos. Vai ter de fazer a rotura”, sustentou Rui Santos.

“A próxima intervenção de Luís Filipe Vieira, a curto prazo, vai ter de ser no sentido de definir uma estratégia. Não pode ser de outra maneira. Enquanto no FC Porto se definiu a estratégia há 30 anos, no Benfica não se percebe qual é, às vezes é uma coisa, outras vezes é outra. A certa altura começa a surgir a convicção de que Luís Filipe Vieira não é a solução para o Benfica, a convicção de que a solução possa estar esgotada, de que Luís Filipe Vieira não dá mais. Acho que é a última oportunidade que tem de definir uma estratégia: ter a certeza dela, definir os alvos a abater, mesmo que não sejam denunciados publicamente”, frisou.
comentador vai mais longe nas críticas à direção dos encarnados: “O que o Benfica tem feito é alimentar um conjunto de figuras e personalidades que têm alimentado o poder do FC Porto. Isto não é uma censura ao FC Porto, é um elogio à estratégia do FC Porto”.

O "erro" de apoiar Fernando Gomes - “O Benfica cometeu um erro estratégico grave nos últimos tempos: achar que ao apoiar Fernando Gomes para a FPF estava a patrocinar a mudança de regime no futebol. Foi um erro assente numa ingenuidade tremenda”, recordou Rui Santos, dando exemplos, como o célebre jogo de Braga, em que houve três ‘apagões’ e em que Artur Moraes disse que aconteciam ‘coisas estranhas’ quando o Benfica jogava lá. “O jogo de Braga mostra a inabilidade do Benfica. Não percebi a falta de reação do Benfica. Nunca mais falou do assunto. O Benfica acreditou na Nossa Senhora e fez mal. Acreditou que Fernando Gomes ia ser o motor da transformação do futebol”, frisou.

Outro exemplo que, no entender de Rui Santos, denota que a estratégia do FC Porto ser eficaz é a atitude dos árbitros em caso de dúvida. “Há um padrão de comportamento no futebol em Portugal de há muito tempo: na dúvida, é mais fácil assinalar uma falta a favor do FC Porto do que a favor do Benfica ou de outra equipa qualquer”, sublinhou.

Pinto da Costa e Fernando Seara - Rui Santos abordou também um jantar que recentemente juntou à mesma mesa Pinto da Costa e Fernando Seara. E recordou que Luís Filipe Vieira apoiou Fernando Gomes à presidência da FPF, sendo Fernando Seara candidato à Assembleia Geral na lista do adversário, Carlos Marta. “Pinto da Costa fez o que sempre fez: dentro do Benfica procurou puxar para si as pessoas que estarão em dissidência com o líder do projeto. Esse jantar foi muito badalado, um acontecimento público. Estava lá Joaquim Oliveira, que está em todas. O Benfica precisa de abrir os olhos”, constatou.

Via Relvado