ESTE HOMEM MERECE NÃO SER ESQUECIDO: PARABÉNS MÁRIO COLUNA!!!
“Monstro Sagrado” faz hoje 75 anos
Muitos Parabéns, Mário Esteves Coluna
Parabéns, Coluna! Obrigado por tanta glória que nos deste, pelo futebol que soubeste jogar, a categoria com que nos capitaneaste e pelo modo como engrandeceste o teu Benfica...
Há 75 anos, assinalados esta sexta-feira, Mário Esteves Coluna nasceu em Inhoca do Magude, na antiga província ultramarina de Moçambique. Vinte anos depois chegou ao “Glorioso” para, em breve, guindar-se a um dos melhores futebolistas na história do futebol português, africano, europeu e mundial.
De origem humilde, tal como o “Glorioso”
O seu pai, natural de Mação na Beira Baixa, emigrara para essa colónia africana, aos 19 anos, e por lá ficara, casando com uma moçambicana. Mais tarde foram viver para Lourenço Marques (actual Maputo), fixando-se em Xipamanine, área indígena no bairro do Alto Mahé. Coluna era o filho único do casal, sentindo-se atraído pelo desporto desde muito novo. Andou pelo boxe, basquetebol e atletismo, onde conseguiu bons resultados no salto em altura. Mas, seria o futebol a seduzi-lo. Iniciou-se, aos 15 anos, na equipa João Albasini, célebre por formar bons futebolistas. Depois esteve próximo de actuar no CF Ferroviário (filial, em Lourenço Marques, do CF “Os Belenenses”), mas seria no Desportivo, delegação laurentina do “Glorioso” que Coluna, com 17 anos, faria uma progressão notável a avançado-centro. No final da época de 1953/54 rumou ao Benfica.
Chegar ao nosso clube
Estreou-se no “Glorioso”, logo no início da temporada de 1954/55, na “Festa de Despedida” de Rogério, num empate a um golo com o FC Porto, encontro disputado no
Estádio Nacional. Jogou a avançado-centro (n.º 9), tal como no jogo seguinte em 12 de Setembro quando marcou dois golos na vitória, por 5-0, com o Vitória FC, de Setúbal, na 1.ª jornada do Nacional da I Divisão, mas Otto Glória, descontente com o rendimento da equipa, na 9.ª jornada, colocou-o a interior- direito (n.º 8) por troca com José Águas, que regressou a avançado-centro. Manteve-se nessa posição até à 14.ª jornada (1.ª da segunda volta), pois na seguinte passou para interior-esquerdo (n.º 10) lugar onde fez grande parte da sua longa carreira de… 16 temporadas, sempre a titular! Afirmou-se ainda na primeira temporada no Benfica – 1954/55 – e assim continuou por década e meia, revelando características que mostravam que era um enorme futebolista.
“Monstro Sagrado”
Mário Coluna foi um desses privilegiados que nascem para o futebol, graças ao talento inato, ao temperamento infatigável e a uma condição física naturalmente robusta, qualidades que soube ainda acrescentar a grande capacidade para marcar golos portentosos.
Um futebolista digno das tradições do Clube e da nossa gloriosa camisola rubra. Um jogador à Benfica! Logo na sua primeira época contribuiu decisivamente para um duplo,
campeonato e Taça. Continuou a acumular jogos, vitórias e títulos até finais dos anos 50. O futebol benfiquista entrava numa fase decisiva, com Coluna a tomar a batuta de maestro a meio-campo. Seguiu-se o Bicampeonato Europeu em 1960/61 e 1961/62, com o jogador a distinguir-se nos dois jogos decisivos, marcando dois golos, um em cada final.
“Capitão dos capitães”
Na temporada de 1963/64 foi nomeado capitão da equipa. Coluna era o indomável dínamo da equipa, o resistente pulmão pelo qual respiravam os seus colegas, a máquina capaz de fazer quebrar a resistência dos adversários, o astuto e hábil cérebro que sabia imprimir o andamento mais conveniente, ora multiplicando a velocidade, ora retendo a bola nos seus maravilhosos pés para quebrar o ritmo. Era um magnífico exemplo para todos, colegas, adversários e público.
Foram épocas atrás de épocas de grandes conquistas que fizeram de Coluna um dos
dois melhores jogadores de sempre no futebol português e o seu melhor capitão! A capacidade inata para o futebol permitiu-lhe prolongar a carreira a um nível elevado, durante dezasseis épocas, ainda que por motivos físicos fosse recuando de avançado para defesa, mas sempre com capacidade e sabedoria para se manter a titular. Como capitão alinhou em 328 jogos, durante oito temporadas, entre 1962/63 e 1969/70, sendo ainda o jogador com mais encontros a capitanear a nossa equipa.
Bicampeão Europeu e 10 Nacionais
Conquistou no “Glorioso”, duas Taças dos Clubes Campeões Europeus (60/61 e 61/62), dez campeonatos nacionais (54/55, 56/57, 59/60-60/61, 62/63-64/65 e 66/67-68/69), seis Taças de Portugal (54/55, 56/57, 58/59, 61/62, 63/64, 68/69), ou seja, um bi e dois tricampeonatos com quatro “dobradinhas”, para além de inúmeros troféus de prestígio nacional e internacional como o Ramon Carranza (1963), por exemplo. Nas dezasseis épocas, enquanto futebolista da equipa principal do Benfica, entre 1954/55 e 1969/70, totalizou 59 702 minutos a envergar a “camisola rubra da águia” sendo, ainda hoje, o 2.º futebolista com mais tempo de jogo. Efectuou 677 jogos, dos quais 673 como titular, incluindo 28 em que foi substituído, ou seja fez 673 jogos completos! Foi suplente utilizado em quatro encontros. Futebolista completo de grande polivalência, jogou como médio (587 jogos) mas também como avançado (33 jogos) e na defesa (53 jogos).
Médio goleador
Pelo Benfica marcou 150 golos a 47 adversários diferentes, conseguindo um golo em 106 jogos, dois golos em dezasseis encontros e três golos em quatro jogos. Dessa centena e meia de golos, 88 foram marcados no campeonato nacional, 25 na Taça de Portugal, três na Taça de Honra da AFL e 24 em jogos internacionais a vinte adversários, incluindo dois ao FC Barcelona, CA Peñarol e Real Madrid CF e, ainda, um golo ao AC Milan. Marcou 127 golos com os pés e 23 de cabeça, com vinte a serem concretizados após lances de “bola parada” e 130 em jogadas de “bola corrida”. Dentro da área obteve 103 tentos, conseguindo ainda 47 golos “fora da grande área”. Na actualidade é o 14.º melhor goleador do “Glorioso”.
Recordista na Selecção Nacional
Pela Selecção Nacional participou em 57jogos, com 21 como capitão, marcando oito golos. Representou Portugal durante treze anos.
No Mundial de 1966, capitaneou os “Magriços” que conseguiram o 3.º lugar – ainda o melhor resultado de sempre para Portugal – nesse mundial, cuja fase final se disputou em Inglaterra. Em 1968, o seu prestígio permitiu-lhe capitanear a Selecção da FIFA que defrontou em Madrid, a equipa do Real Madrid CF, na festa de homenagem a Ricardo Zamora. Só um jogador com as suas características podia aspirar a tal feito.
Festa de homenagem
No final de 1969/70, aos 34 anos, deixou o nosso clube, para representar na temporada seguinte – 1970/71 – o clube francês, Olympique Lyon. Mas… os benfiquistas não o esqueciam e em 8 de Dezembro de 1970 deslocou-se ao nosso estádio, jogando e capitaneando pela última vez o “Glorioso”. Nesta sua festa de homenagem, em que vencemos, por 3-1, uma selecção da UEFA, composta por algumas das maiores estrelas do futebol. Os adeptos receberam-no de pé, em aplauso e quando saiu, aos 15 minutos, todo o público presente no estádio se levantou, acenando com lenços, despedindo-se de Coluna. Estava previsto jogar depois pela selecção, mas foi incapaz de defrontar, como adversário, o Benfica!
Depois do Benfica
Depois de Lyon, regressou a Portugal para representar o Estrela FC, de Portalegre, em 1971/72. No final desta deixou definitivamente de jogar futebol. Durante três temporadas, entre 1972/73 e 1974/75, fez parte dos quadros técnicos do Benfica. Treinou depois vários clubes em Angola e Moçambique, regressando ao “Glorioso” entre 1984/85 e 1986/87. Com grande dedicação a Moçambique exerceu actividade social e política no seu país, fazendo de Coluna um cidadão supranacional. Entre 1999 e 2000, aquando da passagem do século XX para XXI, e da eleição dos melhores jogadores de sempre foi um dos poucos futebolistas portugueses escolhidos, com destaque para o 60.º melhor futebolista europeu para a conceituada associação IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol). Foi também distinguido pela UEFA e FIFA.“Sócio de Mérito” há 45 anos, recentemente, há menos de dois meses, foi galardoado com a distinção suprema do Clube, a “Águia de Ouro”.
Coluna é um “Cidadão do Mundo” enquanto futebolista, profissão que dignificou, como poucos, passando a ser uma referência mundial do futebol. sl benfica