VERDADES DETURPADAS - OS 31 TÍTULOS DE CAMPEÃO

 

OS 31 TÍTULOS NACIONAIS DO BENFICA
 
Há quem queira retirar ao Benfica os seus três primeiros títulos, quando o Campeonato se chamava I Liga (como agora…). Mas o regulamento dessa I Liga era idêntico ao da I Divisão que se lhe seguiu; a Federação, no seu relatório de 1938/39 (ano da mudança de nome), refere expressamente que as provas são as mesmas, com novos nomes; até as taças são todas iguais; e a FIFA e a UEFA, nas suas publicações oficiais, não deixam dúvidas: o Benfica conquistou, em Maio de 2005, o seu 31º título nacional de futebol! E este ano, na época de 2009/2010, conquistará o 32º título.
 
O Benfica conquistou na época de 2004/2005 o seu 31º título de campeão nacional, contra 20 já conquistados pelo FC Porto, 18 do Sporting e um do Belenenses e Boavista.
 
No entanto, um ou outro órgão de informação (uma pequena minoria) continua a afirmar que o Benfica só tem 28 títulos e o FC Porto ainda só vai nos 19, uma vez que não consideram os campeonatos realizados entre 1934/35 e 1937/38, então denominados de I Liga, afinal o mesmo nome que têm os actuais campeonatos! Dizem eles que estes quatro primeiros campeonatos foram realizados a título experimental e que os campeonatos nacionais só foram oficializados a partir de 1938/39.
 
Haverá, pois, que esclarecer:
 
- CAMPEONATOS EM POULE: Os campeonatos de 1934/35 a 1937/38 foram
disputados, como os que se lhes seguiram, em “poule”, todos contra todos, a duas voltas, neles participando os quatro primeiros do Campeonato de Lisboa, os dois primeiros do Campeonato do Porto e os campeões de Coimbra e Setúbal. Esta fórmula de apuramento seguiu, sem alterações, até 1947/48, quando deixou de haver apuramentos através dos Campeonatos Regionais para passar a haver subidas e descidas de divisão como acontece actualmente.
 
As únicas alterações depois verificadas tiveram a ver com o número de clubes. Mudanças mais importantes verificaram-se na última década, com a organização a passar da Federação Portuguesa de Futebol para a Liga Portuguesa de Futebol Profissional mas nem por isso a prova deixou de ser a mesma.
 
- CAMPEONATOS A ELIMINAR: A par destes campeonatos em poule, disputavam-se (e continuam a disputar-se) as provas a eliminar: primeiro, o Campeonato de Portugal, que no primeiro ano (1921/22) apenas reuniu os campeões de Lisboa e do Porto e nos anos seguintes os seis campeões regionais, só mais tarde tendo maior abertura; depois, a partir de 1938/39, a Taça de Portugal, ainda hoje com esta designação. Refira-se, aliás, que o número de concorrentes ao Campeonato de Portugal foi em 1934/35 reduzido para 16 clubes, para permitir a disputa do então denominado Campeonato da I Liga, que passou desde logo a ser a mais importante competição nacional.
 
- TAÇAS IDÊNTICAS: As taças, colocadas em disputa pela Federação Portuguesa de
Futebol, eram absolutamente idênticas antes e depois de 1938/39, mantendo-se aliás até aos nossos dias. O Benfica tem, pois, 31 taças de campeão nacional, todas iguais. E há fotos testemunhando a entrega das taças da I Liga ao Benfica por parte dos presidentes da Federação da época. Além disso, a Federação Portuguesa de Futebol tem exposta na entrada da sua sede, a original Taça de Portugal, com placas identificando, ano a ano, os vencedores do antigo Campeonato de Portugal (prova também a eliminar) e da actual Taça de Portugal, o que confirma a ideia de que a Taça de Portugal é sucessora do Campeonato de Portugal, da mesma forma que o Campeonato Nacional (actual Liga) vem na sequência directa da antiga Liga.
 
- FEDERAÇÃO ESCLARECE: No seu relatório e contas de 1938/39, época em que o campeonato da I Liga passou a denominar-se I Divisão, a Federação Portuguesa de Futebol escreve, nas páginas 6 e 7: «Por virtude da reforma a que se procedeu no Estatuto e Regulamentos da Federação, os Campeonatos das Ligas e de Portugal passaram a designarse, respectivamente, Campeonatos Nacionais e Taça de Portugal. O campeonato da 1ª Liga passou a ser Campeonato Nacional da 1ª Divisão, e o Campeonato da 2ª Liga obteve a designação de Campeonato Nacional 2ª Divisão.» A história não pode ser mudada algumas décadas depois…
 
- JORNAIS DA ÉPOCA SÃO CLAROS: Os jornais da época também são claros nos seus textos e nos apontamentos estatísticos que publicam: os antigos campeonatos da I Liga e os campeonatos da I Divisão que se lhes seguem (tais como os da II Liga e II Divisão) são a mesma competição.
 
- UEFA E FIFA CONFIRMAM: Nas suas publicações oficiais, a UEFA e a FIFA (das quais depende a Federação Portuguesa de Futebol) são bem explícitas, referindo que o Benfica tem 31 títulos, o FC Porto 20, o Sporting 18, etc.
 
 
O QUE SE ESCREVEU NA ÉPOCA
 
«Os campeonatos de “Liga”, que por imperativo de raciocínio passaram a chamar-se “Nacionais” ao seu quinto ano de disputa, nasceram directamente da derrota que a selecção nacional de futebol sofreu em Madrid em 1934, perante o “onze” de Espanha, por 9-0.»
 
(Ricardo Ornelas em “Números e Nomes do Futebol Português” – 1949)
«A história do campeonato nacional, melhor dizendo, a história de um campeonato português em “poule”, de todos contra todos, em duas “mãos”, envolve um problema que tem dado margem a muita discussão.
 
Trata-se de um simples caso de terminologia que, no apaixonado ambiente lusitano, se explora ao sabor da paixão e dos interesses momentâneos das massas clubistas. Resume-se a questão a considerar distintos dois torneios absolutamente análogos que, no espaço e no tempo, tomaram de ignações diferentes – o Campeonato da Liga, instituído em 1934-35, com oito clubes, e que se disputou com essa designação até 1937-38 (quatro edições) e o Campeonato Nacional que teve a sua primeira edição em 1938-39 e subsiste ainda.» (…)
«Trata-se, como é evidente, da mesma prova e o facto de, nas primeiras quatro épocas, se ter optado pela designação de Campeonato da Liga isso deve-se seguramente a um caso de fidelidade à terminologia inglesa, pátria-mãe do jogo e, por isso, inspiradora da orgânica das provas de todos os países onde o futebol se tornou o desporto mais popular e apaixonante. A League britânica deu a Liga de Portugal, como deu a Liga Espanhola que ainda hoje se mantém, com a caricata situação de não outorgar internamente o título de campeão nacional – reservado para o vencedor da “Taça”… - mas, em todo o caso, como em toda a parte, condição de acesso à “Taça dos Clubes Campeões Europeus”.
 
Parecenos, por tudo isto, muito respeitável e, mais do que isso, único válido, o critério de considerar o campeonato nacional como instituído em Portugal em 1934-35, com oito clubes (fórmula mantida até 1940-41)…» (Vítor Santos em “Os 50 anos da F.P.F.”, edição da Federação Portuguesa de Futebol coordenada por Ricardo Ornelas e Carlos Pinhão)
 
«… fica campeão da I Liga o SL Benfica, que assim inscreve pela 3ª vez consecutiva o seu nome na lista do mais importante torneio do futebol português.» (Ricardo Ornelas em “Os Sports” – 11-5-1938)
 
«Começa depois de amanhã o segundo período da época de futebol, com a disputa do campeonato nacional, primeira das duas provas organizadas pela Federação. Trata-se, como se sabe, de uma prova exactíssimamente igual à que desde 1934/35 se estava disputando com o nome de I Liga.» (Ricardo Ornelas em “Os Sports” – 6-1-1939)
 
«Três vezes primeiro, outras tantas segundo e uma vez quarto, o FC Porto detém a melhor performance nos sete torneios realizados.» (Ricardo Ornelas em “Os Sports” – 9-4-1941, num texto intitulado “Os quatro grandes nos sete campeonatos - de 1935 a 1941”)
 
«Pela quarta vez, o Benfica triunfou no Campeonato Nacional de futebol, estabelecendo um recorde. Os encarnados tinham ganho a prova em 36, 37 e 38 – três vitórias seguidas, o que também constitui um recorde – mas o FC Porto também vencera três vezes, em 35, 39 e 40.»
(Alberto Freitas em “Os Sports” – 17-6-1942, num texto intitulado “As quatro vitórias do Benfica”)
GRANDE REMATE DE magalhaes-sad-slb às 15:43 | COMENTAR | favorito